São Paulo, domingo, 4 de fevereiro de 1996
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Taxas de juros caem, mas ganho real sobe neste mês

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Se o parâmetro da inflação brasileira for o IPC da Fipe, que pesquisa preços ao consumidor em São Paulo, para famílias com renda até 20 salários mínimos, o ganho real das aplicações financeiras em janeiro foi praticamente nulo.
Entre os investimentos de renda fixa, que rendem juros, a liderança no ranking do mês coube ao CDB (Certificado de Depósito Bancário) prefixado de grande investidor, com 2,58% brutos e 2,19% líquidos, descontado o IR de 15%.
A Fipe espera ter fechado janeiro com taxa em torno de 2%, como indicava a da terceira quadrissemana do mês, com 2,07%. Os números definitivos saem amanhã. O IGP-M, que reflete mais o movimento dos preços no atacado, ficou em 1,73% no mês passado.
Agora em fevereiro, as taxas de juros -balizadas pelo Banco Central no over-Selic e pelo mercado no over-CDI- caem mais um pouco para o mês completo (ver outro texto). No mercado futuro de DI (Depósito Interbancário), as projeções são de 2,34% em fevereiro, contra 2,56% em janeiro.
Acontece que a inflação, pressionada por alimentos e educação no mês passado, pode cair pela metade neste mês, pelo menos na estimativa de Heron do Carmo, coordenador do IPC da Fipe. O Banco Marka espera baixa expressiva de todos os índices.
Se isso acontecer, as taxas reais de juros, mesmo com a queda das nominais, crescerão em fevereiro.
Se o juro real pago a um investidor comum em janeiro ficou próximo de zero, neste mês deve saltar para algo em torno de 1%, projetando 12,68% para 12 meses.
Mas, com a economia mais estabilizada no Real, o investidor não deve mais ficar de olho apenas na inflação mensal, dizem os analistas. O horizonte deve ser mais amplo, mesmo porque em certos períodos a inflação terá mesmo alguns repiques.
O consultor Paulo Possas lembra que o IPC da Fipe foi muito puxado pelo item educação. "Para quem não tem filho na escola a inflação foi menor. Se não paga aluguel, menor ainda", diz ele.
No ano passado, os juros reais medidos pelo over-Selic e DI ficaram em 24,39% sobre o IPC da Fipe e 32,75% sobre o IGP-M. Para todo este ano, se não surgirem imprevistos, espera-se algo como 15%, ainda um juro bem atraente.
Para obter ganhos reais mais altos, a saída envolve algum risco porque as chances estão nas Bolsas e nos fundos mais agressivos, que atuam nos mercados futuros.
Esses FIFs, entretanto, são apropriados para investidor calejado, que se dispõe a correr riscos.
Ike Rahmani, presidente do Banco Tendência, cujo fundo de 60 dias/livre rendeu 33,87% em janeiro, diz estar preocupado com as expectativas que uma rentabilidade dessas possa criar.
"Não dá para extrapolar. Foi uma conjunção de fatores favoráveis que possibilitou este desempenho", afirma ele.
Por isso mesmo, Rahmani diz que o banco avalia com cuidado a possibilidade de baixar a aplicação mínima nesse seu fundo, hoje em R$ 20 mil, para R$ 10 mil.
Nas Bolsas, cresce o volume de negócios e as ações recuperam o valor perdido em 95, ainda mais os papéis de segunda linha, de empresas privadas sólidas, que pouco influenciam o Índice Bovespa.

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