São Paulo, domingo, 4 de fevereiro de 1996
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"não se conformam com o nosso amor"

Nicole Kidman fala sobre a vida com Tom Cruise e conta como conquistou "no grito" o papel mais importante de sua carreira.

Foi você difícil convencer o diretor de que você era a atriz certa para estrelar "Um Sonho sem Limites"?
Eu liguei para a casa do Gus Van Sant, o diretor. Fiquei impressionada quando li o roteiro e resolvi pedir uma chance. Achei a história engraçada e, ao mesmo tempo, perturbadora. Sabia que seria uma ótima oportunidade para mostrar um trabalho mais complexo. O problema é que Van Sant não me queria para o papel. Ele queria uma atriz americana e achava que eu não era engraçada o bastante. Então, eu pedi para que ele, pelo menos, me deixasse ler o roteiro. Nós conversamos por mais de uma hora e ele acabou concordando. Foi tão estranho. Pela primeira vez, fui escalada para um papel por telefone.
Como você se saiu nas cenas cômicas? É difícil fazer rir?
Eu ainda não tinha feito uma comédia no cinema. Só no palco. Foi uma oportunidade maravilhosa, principalmente por se tratar de uma comédia de humor negro, o tipo que eu mais gosto. Na verdade, foi um desafio. No começo, eu fiquei com medo. Ficava me perguntando: Oh, meu Deus, será que as pessoas vão achar isso engraçado? O problema é que você se expõe muito mais na comédia. Se as pessoas não rirem do personagem, elas certamente vão rir da sua cara.
Como o papel e a conquista do Globo de Ouro afetam sua carreira?
Minha carreira mudou muito no último ano e deve mudar mais ainda. Tenho recebido mais propostas de trabalho. Depois de "Um Sonho Sem Limites", eu já filmei "The Portrait of a Lady", com a diretora neo-zelandesa Jane Campion, que é minha amiga, e volto a atuar em quatro meses. Agora, espero ser finalmente reconhecida como atriz. Já não era sem tempo. Afinal, eu trabalho profissionalmente desde os 14 anos.
É mais difícil conquistar espaço em Hollywood, quando se tem um marido como Tom Cruise?
Está ficando mais fácil agora. Atualmente, existem outras atrizes que se casaram com astros e que conseguiram se destacar. No começo, admito que foi muito difícil. Ninguém me via como uma atriz. Eu era apenas a senhora Tom Cruise. Mas agora, não. Nos últimos meses, eu percebi como é ser eu mesma.
Como Cruise tem mais experiência em Hollywood, você pede conselhos na hora de aceitar um papel?
Não. Eu sou rigorosa nesse sentido. Acho que essa atitude tem que ser instintiva. Você lê um roteiro e decide na hora mesmo. É o próprio ator quem tem que tomar a decisão. Só ele sabe o que pode e o que não pode fazer. Eu sempre fiz questão de manter minha independência. E Tom também. Do contrário, um acabaria impondo sua opinião sobre o outro. Mas tenho que dizer que Tom me apóia o tempo todo. Ele vai aos sets de filmagem comigo e vê todos os meus filmes.
Vocês passam bastante tempo juntos, apesar das filmagens e viagens?
Nós estamos juntos por seis anos e nunca nos separamos por mais de duas semanas. Nós procuramos revezar, quando ele faz um filme, eu fico por perto tomando conta das crianças e vice-versa. Quando você tem filhos, você tem que manter a família unida. É o único jeito de manter a relação forte.
O que é prioridade na sua vida?
Minha prioridade sempre foi a minha família. Nossos filhos são pequenos, mas nos acompanham para todo lugar. No ano passado, passamos meses morando em Londres porque Tom Cruise filmava "Mission Impossible". Nós não nos separamos. Acho que viajar é muito saudável, inclusive para as crianças. Elas conhecem lugares diferentes do mundo, culturas diferentes e crescem com uma cabeça mais aberta.
Por que vocês optaram por adotar crianças? Você não pensa em ter seus filhos?
A decisão de adotar foi uma coisa espontânea. Eu gostaria muito de dar a luz, de passar por essa experiência. Mas esse tipo de coisa só acontece quando tem mesmo que acontecer.
Como você reage quando as pessoas insinuam que Cruise é homossexual?
Você tem que rir. É tão absurdo, que não dá para fazer outra coisa. Mas acho triste saber que existem tantas pessoas que não se conformam em ver que duas pessoas se amam. Talvez seja inveja.
É verdade que vocês passam horas em pistas de kart correndo em alta velocidade?
Sim. Tom já foi piloto de carros de corrida e nós nos divertimos muito. Temos uma paixão por esportes considerados perigosos. Também saltamos de pára-quedas. As pessoas ficam chocadas com isso, mas nós achamos normal. É tão divertido.

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