São Paulo, segunda-feira, 5 de fevereiro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Aposentado vira 'caçador' de alunos no interior da PB
ADELSON BARBOSA
Conhecido como "major", ele disse ser um "caçador de alunos" e ameaça processar, por crime de abandono intelectual, os pais que se recusarem a mandar os filhos para a escola. Até hoje, nenhum pai foi processado. A pé ou de bicicleta, Oliveira faz o trabalho por conta própria. Ele verifica a frequência e faz palestras para os alunos sobre a importância do estudo. Ao não encontrar frequência de 100% numa escola, ele pede à direção os nomes e endereços dos alunos faltosos e vai à casa deles para saber o motivo das faltas. Oliveira disse só aceitar explicações das faltas por motivo de doença ou trabalho. Durante as visitas, ele apresenta a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente e diz que as duas "exigem proteção e cuidados com as crianças". Oliveira repete sempre aos pais que a Constituição atribui à família, à sociedade e ao Estado o "dever legal" de oferecer estudo às crianças. O Código Penal Brasileiro considera "atentado contra a humanidade" e crime de "abandono intelectual" deixar crianças em idade escolar (de 7 a 14 anos) sem instrução primária. Nas visitas, ele lê um aviso da Promotoria Pública de Caiçara (121 km de João Pessoa-PB) que foi afixado na sede da comarca, nos cartórios e nos locais públicos de maior movimentação. O aviso diz que "quem encontrar crianças ausentes dos bancos escolares deverá, por dever cívico, informar ao promotor de Justiça". A comarca de Caiçara atende os três municípios. "Diante da ameaça de processo, os pais sentem medo e obrigam os filhos a ir a escola", afirmou. Oliveira faz o trabalho desde 84. Ele conta com apoio do promotor José Bezerra Diniz, do juiz-substituto Antônio Gomes de Oliveira e das prefeituras. Em Lagoa de Dentro (120 km de João Pessoa), o ano letivo de 95 está atrasado em seis meses. Os alunos estão em aula e não há previsão de data para o ano letivo de 96 começar. No período de matrículas, Oliveira pede aos pais que matriculem os filhos. "Digo que eles podem melhorar de vida no futuro se colocarem as crianças na escola." Texto Anterior: Projeto fixa normas para nudistas Próximo Texto: Secretária aprova trabalho Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |