São Paulo, segunda-feira, 5 de fevereiro de 1996 |
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Melhor amigo oferece 'ligações perigosas'
CÉLIA ALMUDENA
Joel Alamino Júnior, 20, era um garoto que seguia fielmente as normas estabelecidas pela avó, com quem mora. Ele não fazia nada errado e hoje ele não concorda com várias coisas que fez depois que começou a andar com uma turma do bairro. "Comecei a matar aula, a fumar, a beber e repeti vários anos na escola. Eles conseguiram fazer minha cabeça", conta. Mas qual seria o significado de procurar sempre o "caminho errado"? "O adolescente quer enfrentar as restrições impostas pelos mais velhos, quer romper esses limites", diz o psiquiatra Alexandre Saadeh, 34. Fernanda Maria Brandolisi, 21, sempre foi boa aluna e só andava com garotas "certinhas". "Andava com meninas boyzinhas, que só usam roupas de marca. Eu própria só usava tudo combinando, era bota, cinto, calça e até batom marrom", conta. Foi assim até que começou a namorar. Passou a frequentar a turma dele e acabou virando punk. Aos 15 anos o namorado sugeriu, e ela topou, fazer a primeira tatuagem. "Hoje tenho mais de 15 tatuagens e não me arrependo." Mas existe a turma do "se arrependimento matasse...". As garotas Sílvia Levy Tavares, 19, e Mariana Candeias, 21, são exemplos. Entre outras coisas, como beber demais, Sílvia fez duas tatuagens por sugestão de sua melhor amiga. "Ela deu a idéia e nós duas fomos fazer tatuagens. A primeira eu adorei, mas a segunda... A tatuagem começou a incomodar tanto que decidi tirá-la", conta Sílvia, que faz um longo tratamento. Já Mariana lembra que começou a tomar cerveja aos 16 anos por causa de um garoto que paquerava. "Ele acabou me levando a começar a beber. Quando percebi, estava tomando cerveja pelo menos uma vez por semana. Só me arrependo quando estou de ressaca", diz Mariana. Há quem não se arrepende de nada e acha que a amizade só traz coisas boas. É o caso das amigas Camila Lima, 17, e Aida Haux Cintra, 14. "Mudei muito depois que comecei a andar com ela. Antes era fechada, não gostava de sair e só ouvia rock. Uma das poucas coisas que me prejudicou foi que comecei a matar muita aula, mas não foi só por causa dela", diz Aida. Saadeh têm uma explicação para o fato de a personalidade de Camila ter predominado sobre a de Aida e não o contrário. "A pessoa que tem capacidade de liderança acaba atraindo os outros, porque é diferente, chama mais a atenção", diz. Mas nem sempre só uma das parte envolvidas muda. "A Aida também me influenciou musicalmente, mostrando The Doors, Janis Joplin e outras coisas. Agora curto rock também", diz Camila que só gostava de MPB. Próximo Texto: 'É difícil enfrentar sozinho' Índice |
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