São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996 |
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Água será estopim de guerras no século 21
DANIELA FALCÃO; GILBERTO DIMENSTEIN
A conclusão é de relatório do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais -órgão vinculado ao governo dos EUA-, discutido durante reunião preparatória em Nova York (EUA) para a 2ª Conferência de Assentamentos Humanos da ONU (Habitat 2), que acontece de 3 a 14 de junho, em Istambul (Turquia). Segundo o relatório, os conflitos se originariam da disputa sobre o curso dos rios Nilo, Tigres e Eufrates, responsáveis pela maior parte do abastecimento na região. "As pessoas imaginam que, porque a água é quase de graça, ninguém vai guerrear", afirmou Jorge Wilheim, secretário-adjunto do Habitat 2. Os países onde há mais chance de conflitos são Egito e Etiópia (pelo Nilo) e Síria e Iraque contra a Turquia (que disputam os rios Tigre e Eufrates). Relatório do Banco Mundial publicado em agosto de 95 também alerta para o risco de guerras por causa de água. "Muitas das guerras deste século foram fruto da disputa pelo petróleo. As do próximo século serão causadas pela luta por água", diz o relatório. Além de ser causadora de conflitos, a água vem sendo utilizada como arma entre países em guerra. Durante a guerra civil no Líbano, por exemplo, bairros inteiros tiveram seu fornecimento de água cortado pelos rebeldes. A escassez de água é causada pela combinação de crescimento populacional exagerado e inexistência de reservas naturais. Em 90, o Egito tinha 54 milhões de habitantes. As estimativas são de que no ano 2000 a população chegue a 70 milhões de habitantes. "A população do Oriente Médio não pára de crescer e deve dobrar até 2015. Por mais eficiente que os governos sejam, não há como duplicar a produção de água", afirma o pesquisador Elias Salameh, da Universidade da Jordânia. Texto Anterior: Presidente do TST critica flexibilização Próximo Texto: Irrigação consumirá mais recurso Índice |
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