São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996
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Santos tem mais brilho que a Portuguesa

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O Santos tropeçou lá na Vila e despencou no Canindé, onde tenta reaprumar-se hoje, diante de uma Lusa bem arrumadinha. Uma tamancada da digna senhora nesta noite, e eis a crise instalada na Baixada, pois quem celebrou o vice-campeonato brasileiro, com a humildade dos que nada esperavam, agora vive a intolerância dos que sentiram o gosto da glória.
Mesmo desfalcado de Narciso, Jamelli e Carlinhos, titulares da campanha do Brasileiro, o Santos é mais time do que a Portuguesa. Isto é: tem mais brilho.
Já a Portuguesa, que parecia derruída às vésperas do campeonato, conseguiu, como num passe de mágica, rearmar praticamente a mesma equipe com que fizera bela figura no Paulista do ano passado.
E foi esse atalho que o técnico Espinosa pegou para que o time entrasse no certame com o mínimo de conjunto para manter-se no topo até a quarta rodada.
Nesta noite, não terá Roque, mas pode ter, no meio-campo, Zé Roberto, um armador de nascença que se revelou como lateral-esquerdo. Perde um pouco de solidez, mas ganha muito em imaginação.
Tanto que o doutor Sócrates, tempos atrás, me assegurava que o dia em que Zé Roberto passasse definitivamente para o meio-campo haveria de ser brindado como o advento de um talento inexcedível.
Pena que, do outro lado, Candinho não conte com Macedo, o que permitiria a Giovanni a liberdade de espraiar a genialidade pelo meio-campo e intermediária inimiga. Preso na frente, nem Pelé (e isso não é figura de retórica, pois Pelé sempre negou-se a atuar como centroavante).
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Um revelador papo com Luxemburgo, na noite de domingo, explica por que o treinador só muito eventualmente pensa na utilização de Elivélton como ala-esquerda, ou lateral, como queiram: é uma arma letal demais para ser vulgarizada.
Luxemburgo prefere ter o veloz, incisivo e versátil Elivélton no banco, a partir da volta de Rivaldo, o que pode acontecer amanhã. Lá pelos 15, 20 minutos do segundo tempo, solta a fera para virar o jogo ou matar de vez o inimigo. É uma idéia, com requintes de crueldade.
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Com os obstáculos burocráticos criados para a vinda dos estrangeiros, abre-se uma perspectiva para que Zagallo retoque essa convocação capenga da seleção pré-olímpica.
Na ausência de Caio e Arílson, chances para Luizão e Amoroso, que parece ter se recuperado. Mas essa deveria ser a dupla de ataque, isso sim.
Para o meio, fosse eu Zagallo, aproveitaria para testar André no lugar de Arílson, como terceiro volante, pela esquerda. O diabo é que, nesta fase, nem pensar em Roberto Carlos para lateral. André terá de ficar guardando, inutilmente, a posição para o titular.
Outra imprevidência: a não-convocação de André Santos, capaz de suprir a falta tanto de um lateral-direito (só foi convocado Zé Maria) quanto de qualquer zagueiro ou volante. Ainda há tempo.

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