São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996
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Pedreira em Santiago

THALES DE MENEZES

O Brasil inicia na próxima sexta-feira sua participação na Copa Davis 96. A equipe já está em Santiago e enfrenta o Chile na condição de zebra. Vai ser difícil.
A equipe brasileira precisa ganhar sua chave sul-americana para ter o direito de disputar no segundo semestre a repescagem, onde enfrentaria um perdedor da primeira rodada do Grupo Mundial.
Se passar por essa repescagem, o Brasil garantiria uma vaga para disputar em 97 o Grupo Mundial. Trata-se da elite do tênis mundial, que reúne apenas 16 equipes.
Por enquanto, isso não passa de devaneio. E o sonho pode acabar neste fim-de-semana, já que o Brasil terá uma pedreira pela frente em Santiago.
O Brasil está representado pelas melhores raquetes que tem à disposição: Fernando Meligeni (nº 68 no ranking da ATP), Roberto Jabali (nº 172), Gustavo Kuerten (nº 188) e Jaime Oncins (nº 222).
O grande problema para essa equipe está concentrado num tenista magricelo, de olhos puxados, cabelos lisos e compridos, boné e bermuda, do tipo que pareceria mais à vontade com um skate no lugar da raquete.
Marcelo Ríos, 20, é o melhor jogador sul-americano da atualidade, na 24ª posição do ranking da ATP. O capitão do Brasil, Paulo Cleto, já reconheceu que Ríos "fará a diferença" no confronto.
Para confirmar isso, o jogador venceu no último domingo o Masters Sul-Americano em Viña del Mar, ao derrotar o argentino Javier Frana por duplo 6/3.
Na Davis, os brasileiros terão uma ajuda: o nº 2 chileno, Gabriel Silberstein, está com hepatite e não joga. Em seu lugar já foi escalado Sergio Cortez, mais fraco e com uma lesão no ombro direito.
Mas Ríos deve vencer seus dois jogos de simples e pode decidir a fatura nas duplas. Se fizer isso, confirmará algo que já é tradicional na Davis.
O sistema de disputa permite que equipes com um grande jogador vençam times mais equilibrados, mas sem estrela. Atualmente, o caso mais típico é o da Rússia.
Vice-campeã nas duas últimas edições da Davis, a equipe russa vive da força de Yevgeny Kafelnikov. Ele vence suas partidas de simples e ainda dá duro nas duplas, já que seus parceiros não metem medo em ninguém.
Resta ao time brasileiro quebrar essa escrita. Um tropeço de Ríos em qualquer uma de suas três partidas será suficiente para demolir a confiança chilena.
O jeito é torcer. E muito.
Notas
Jennifer Capriati tenta mais uma volta às quadras. A norte-americana está inscrita para o Torneio de Paris, que começa no próximo dia 13. Aos 19 anos, Capriati luta para sair do inferno astral em que sua vida se transformou.
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Presa por roubar um bracelete de uma loja e processada por consumo de maconha e cocaína, Capriati jogou apenas cinco torneios nos últimos 30 meses. Ela quer começar em Paris sua caminhada de volta aos tempos de glória, como a medalha de ouro conquistada na Olimpíada de Barcelona, em 1992. Boa sorte para ela.
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A croata Iva Majoli, 18, saltou do oitavo para o quarto lugar no ranking da WTA. Ela conquistou no domingo o torneio Pan Pacific, em Tóquio. Depois de eliminar Martina Hingis e Monica Seles, Majoli destruiu Arantxa Sanchez na final. Os fãs ficam aliviados com o desempenho de Majoli, que desde os 14 anos promete ser uma estrela. Demorou, mas vingou.
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Jim Courier passou uma tarde treinando com Martina Navratilova. Depois, declarou que ela poderia voltar a jogar... entre os homens. "Eu já enfrentei muitos jogadores mais fracos do que ela", sentenciou Courier.

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