São Paulo, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1996 |
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"Antes do Amanhecer" mostra sentimentos sob o signo da perda
CÁSSIO STARLING CARLOS
Linklater utiliza uma história de amor banal para mostrar a morte como um ruído incessante por trás de experiências vitais como o amor e a alegria. Numa viagem de trem pela Europa, Jesse, um jovem americano, conhece Céline, uma garota francesa. Entusiasmado, ele a convence a acompanhá-lo em Viena durante as horas que faltam para seu retorno para os EUA. O filme é um documento destas breves horas e dos eventos que a ocupam, como a conquista, o amor e a despedida. Tudo está regido pelas leis do transitório. Os personagens, turistas, estão em trânsito e se deslocam meio à deriva pelo espaço urbano de Viena. O afeto que nasce do seu convívio fugaz tem dia e hora marcada para acabar. O diretor explora com elegância as situações que surgem no caminho e realiza uma bela crônica sobre o desgaste dos sentimentos. Jesse e Céline tentam compreender o que há de específico naquele determinado ponto da vida em que as promessas teimam em roubar alimento da realidade. O que os inquieta é a iminência do fim. E, já que esta é a lei, o que fazer durante o tempo que antecede a queda. Por vezes o filme se ressente do excesso de diálogos, parecendo mais um produto francês que norte-americano. Mas, se a palavra é dominante, ela nunca é gratuita. Diria que na maior parte é exemplar. É por intermédio da fala do outro que estes futuros perdedores descobrem a regra de um jogo do qual são obrigados a participar. Regra que pode ser resumida no verso ouvido de uma canção: "Há tantas coisas feitas para serem abandonadas". Filme: Antes do Amanhecer Direção: Richard Linklater Elenco: Ethan Hawke, Julie Delpy Distribuição: LK-Tel (tel. 011/825-5766) Texto Anterior: Nem tudo brilha na América do sonho Próximo Texto: Irmãos Marx e Harold Lloyd brilham em comédias menores Índice |
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