São Paulo, quinta-feira, 8 de fevereiro de 1996
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Fleury diz que mandaria invadir a Detenção de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho disse ontem que daria a ordem para invadir o pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo caso estivesse no comandado da operação de repressão a uma rebelião, feita pela PM em 2 de outubro de 1992, e que resultou no massacre de 111 presos.
Foi a primeira vez que Fleury Filho admitiu concordar com a ação. "Entendo que, pelo que foi relatado por testemunhas, era necessária a entrada da PM no pavilhão 9. Uma coisa é a ordem para invadir, outra, as consequências das ações de alguns policiais que se excederam na detenção", disse.
Fleury Filho depôs ontem como testemunha de defesa, por uma hora e meia, na 1ª Auditoria do Tribunal de Justiça Militar no processo que apura a responsabilidade de 120 PMs pelo massacre. Foi também o primeiro depoimento dele num processo sobre o caso.
O ex-governador afirmou que no dia do massacre estava em Sorocaba (SP), onde foi avisado, por telefone, pelo então secretário de governo, Cláudio Alvarenga, de uma rebelião na Casa de Detenção que estaria "sob controle".
"Ele (Alvarenga) não me omitiu nada. Ninguém também omitiu nada para o secretário. O que aconteceu é que, depois, a situação se alterou na detenção."
Fleury disse que pediu para continuar sendo informado e que não ordenou a invasão do pavilhão 9. "Voltávamos de helicóptero para São Paulo quando houve a invasão. Durante o vôo, ficamos sem comunicação por causa da chuva."
No depoimento, ele disse que, ao chegar a São Paulo, foi informado pelo então secretário da Segurança, Pedro Franco de Campos, de que a PM havia invadido.
"Determinei que só fosse divulgado o número de mortes quando houvesse certeza." Campos disse que já sabia o número às 8h30 de 3 de outubro -1º turno das eleições municipais.
Fleury afirmou que só foi informado sobre as 111 mortes no início da tarde e que determinou que o número fosse divulgado. Por volta das 17h, Campos tornou pública essa informação.

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