São Paulo, quinta-feira, 8 de fevereiro de 1996
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BC amplia intervenção no Econômico

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central decretou ontem a intervenção na Econômico S/A Empreendimentos, empresa não-financeira do Banco Econômico e que controla a participação acionária da instituição baiana em suas empresas do setor petroquímico.
O diretor do Depad (Controle de Processos Administrativos e Regimes Especiais) do BC, Francisco Múnia Machado, disse ontem que podem ter ocorrido várias operações ilegais entre o banco e a empresa.
Uma das hipóteses é que o Banco Econômico tenha repassado recursos à empresa que controla a participação no setor petroquímico. Isso é considerado crime pela Lei do Colarinho Branco -que pune irregularidades no sistema financeiro.
Entre as dívidas de R$ 419 milhões da Econômico S/A Empreendimentos junto ao banco baiano, o BC já detectou uma operação ilegal de empréstimo por meio de conta corrente.
Ou seja, o Banco Econômico emprestou à empresa controlada R$ 32 milhões por meio de cheque especial e sem garantias. A Econômico S/A Empreendimentos é a maior devedora do banco e era o caixa único de todo o setor não-financeiro do Econômico -35 outras empresas, segundo o BC.
A medida de ontem foi tomada cinco meses após a intervenção no Banco Econômico, em 11 de agosto de 1995.
Conforme Múnia, isso não aconteceu antes porque existia a perspectiva da venda global do Econômico e não de apenas uma parte, como está sendo negociado com o Excel. O Econômico tem um rombo de R$ 3,5 bilhões por créditos recebidos do BC.
Com a intervenção, o BC pretende rastrear a evasão de recursos do Econômico por meio das empresas não-financeiras. "Podemos saber se foi, ou não, por essas empresas que começaram os problemas financeiros do Econômico", disse Múnia.
A Econômico S/A Empreendimentos controlava também as empresas do Pólo Petroquímico de Camaçari. O valor da participação do setor petroquímico dentro do patrimônio do Banco Econômico pode oscilar entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões, segundo Múnia.
A empresa está com o patrimônio líquido negativo -a venda de todos os seus bens não cobre as dívidas.
Com a intervenção, as empresas do setor petroquímico continuam funcionando normalmente, mas o BC terá poder para fazer fiscalização nas suas contas.
Entre as empresas com participação acionária da Econômico S/A Empreendimentos está a Conepar (Companhia Nordeste Participações). A empresa sob intervenção tinha 63,8% das ações da Conepar e 56,3% do capital da empresa.
As dívidas da Econômico S/A Empreendimentos com o Econômico estão divididas da seguinte forma: R$ 32 milhões de empréstimos em conta corrente; R$ 238 milhões em ações: R$ 10 milhões em dividendos; R$ 6 milhões comprometidos com a agência do Econômico nas Ilhas Cayman; R$ 133 milhões em CMG (Certificado de Mercadorias em Garantia).
Os CMGs lastreavam os fundos da Econômico S/A Empreendimentos e são considerados títulos sem valor de mercado.
Esta é a terceira intervenção do BC em empresas ligadas ao Econômico. As anteriores foram a IEP (Itapiracem Empreendimentos e Participações S/A) e a Aratu Empreendimentos e Corretagem de Seguros Ltda. Essas intervenções foram feitas no mês passado.

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