São Paulo, sexta-feira, 9 de fevereiro de 1996
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Era feliz e não sabia

WILSON BALDINI JR.

Segundo semestre de 1989. A categoria dos pesos-pesados, carro-chefe do pugilismo, tem em mãos o seu lutador mais violento de todos os tempos. Em combates seguidos, Mike Tyson liquida os três primeiros colocados do ranking (Michael Spinks, Frank Bruno e Carl Williams).
Nos primeiros meses da década de 90, a situação era insustentável. A sua superioridade era tanta que o desinteresse tomou conta de empresários e do público. Em suas lutas, era normal milhares de lugares ficarem vagos. Ninguém queria pagar US$ 400, em média, para ver alguns segundos de luta.
Não tinha graça. O jeito era levar seus combates para outros continentes. E o Japão foi o escolhido mais uma vez. Como já havia sido dois anos antes.
Nessa planejada turnê, o habilidoso Don King já havia feito uma lista com lutadores (escolhidos a dedo) para que o lucro fosse fácil, e a garantia de sucesso, de 100%.
E, há seis anos, no fatídico 11 de fevereiro, o truculento e desajeitado James "Buster" Douglas aprontava a maior zebra de todos os tempos. Tinha seus 15 minutos de glória ao nocautear um Tyson que parecia em transe.
O resultado animou a maioria. Combates eliminatórios ao título foram programados. Uma revanche entre Tyson e Douglas teria US$ 50 milhões em jogo.
Mas tudo não saiu do papel. Uma péssima geração acabou com todos os sonhos. A última tentativa foi desmantelar o título, que Tyson havia unificado em seis meses. Mas também não deu certo.
Com o lema "cinturão não faz campeão", Tyson está cansado de enfrentar "bifes" como Peter McNeeley e Buster Mathis Jr. A programação inicial era pegar, depois de Frank Bruno (dia 16 de março), Bruce Seldon (campeão da Associação Mundial) e Frans Botha (campeão da Federação Internacional), e reunificar os principais cinturões até dezembro.
Em recente entrevista, Tyson disse que quer lutar com George Foreman. Um antigo desafeto de Don King. Boatos garantem que o "Iron Man" estaria disposto a largar o "empresário cabeludo".
Segundo os norte-americanos, o ex-campeão está cansado de ver o tempo passar e ele não enfrentar os grandes nomes do boxe. Foi assim com Evander Holyfield e está sendo agora com Riddick Bowe. E quem gosta do boxe prefere ver 30 segundos de Mike Tyson a 45 minutos de Lennox Lewis, Oliver McCall, Frank Bruno, Tommy Morrison, Ray Mercer...

Notas
E por onde anda James "Buster" Douglas? Ele comprou uma enorme fazenda, em Columbus, Ohio, e lá vive com a família. Chegou a pesar 160 kg e passou por um coma diabético em 94.
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Praticamente tudo certo para a luta entre os supermédios brasileiros Maurício Amaral e Reginaldo "Holyfield" Andrade, em Salvador. O único problema é a bolsa que ofereceram a Amaral: R$ 1,5 mil. É mole?
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Frase de George Foreman: "O boxe é o esporte a que todos os demais aspiram".
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O Conselho Mundial (CMB) anuncia várias alterações para este ano. Entre elas, mudanças no material das bandagens usadas nas mãos dos lutadores, para uma maior segurança.
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Julio César Chávez e Oscar De La Hoya iniciam a promoção do combate marcado para 7 de junho, em Las Vegas. Cada lutador tem garantida bolsa de US$ 9 milhões.
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Hoje Chávez enfrenta Scott Walker, enquanto La Hoya pega Darryl Tyson. Os dois devem vencer com facilidade. Apenas o título dos leves da Organização Mundial, de La Hoya, estará em jogo.

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