São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 1996
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Partido discute alvos da campanha

ESPECIAL PARA A FOLHA

O PT não fechou questão de como será a campanha em São Paulo. Segundo os dirigentes, em outras cidades a campanha será baseada em problemas da comunidade local, mas São Paulo exige um tratamento mais "nacionalista".
Em outras palavras, novamente estará em discussão o modelo econômico proposto por FHC.
Segundo Lula, o Plano Real em si é um fato, mas suas consequências já sensibilizam o eleitor:
"O problema do desemprego, por exemplo, não é uma questão apenas internacional. No Brasil precisa-se construir uma política de geração de emprego a partir da nossa realidade. Está faltando criatividade ao governo".
"Não se segura língua de candidato. Cada prefeito vai fazer campanha de acordo com o que rende mais votos. Mas São Paulo é um país, é muito difícil deixar de levantar questões nacionais. O que vai garantir votos é mostrar os problemas que o povo está enfrentando", afirma Lula.
"O plano não melhorou a vida do brasileiro porque o frango está barato. E o desemprego e a falta de agenda social e de reforma agrária?", pergunta José Dirceu.
Segundo o presidente do PT, o partido deve mostrar na campanha o "modo petista de governar", exibindo as experiências "bem-sucedidas" nas prefeituras administradas pelo PT -Belo Horizonte, Porto Alegre, Goiânia, Santos.
"Em São Paulo, vamos bater duro na questão do Sivam, da pasta cor-de-rosa e da miséria. Não achamos difícil provar que o caminho do neoliberalismo é ruim", disse Dirceu.
Para Jilmar Tatto, presidente do Diretório Municipal, as questões da cidade deverão compor os debates internos:
"Não queremos mais a imagem de que o Maluf faz obras e nós o social. Vamos discutir a vocação da cidade e como inverter prioridades".
Aloizio Mercadante acredita que o que está em discussão é o modelo nacional para a cidade, que necessita de um projeto de estratégia e de total reestruturação: descentralização.
"Na agenda local da cidade estão 4 milhões de veículos, pouco mais de 30 quilômetros de metrô em bairros-dormitórios sem vida cultural. Sem contar uma onda de desempregados, cujos filhos manifestam, através do rap, a sedução pelo crime."
"Educação e cultura estão no centro das atenções, são necessárias para reconstruirmos São Paulo, que precisa ser governada pelos bairros, como nas grandes cidades do mundo", disse Mercadante.
Para Erundina, o fundamental é mostrar que o PT já tem experiência de governo, com tradição de investir prioritariamente no social, "ao contrário do atual governo".

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