São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 1996
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Ruth e a maconha

Com a defesa que fez da descriminação da maconha, a antropóloga e primeira-dama, Ruth Cardoso, torna-se mais uma das vozes que vem engrossar o coro daqueles que desejam ver o usuário da Cannabis sativa deixar de ser um criminoso.
Trata-se de uma droga menos destrutiva do que a cocaína ou mesmo o álcool, mas não se pode excluir o risco de que uma generalização do uso desse narcótico se transforme em problema de saúde pública. Afinal o abuso da maconha está claramente associado ao fenômeno da síndrome paranóide.
Ruth Cardoso também reiterou que defende a descriminação e não a legalização. Entra-se aqui numa polêmica interessante, em que ambos os lados têm bons argumentos. Os defensores da legalização afirmam que essa é a melhor maneira de lutar contra o narcotráfico, que tem seus ganhos fabulosos apenas em virtude da proibição. De resto, se se cobrassem pesados tributos sobre a droga haveria recursos para campanhas de prevenção e mesmo para o tratamento dos viciados.
Os adversários dessa tese argumentam que a maconha é hoje pouco importante para os cartéis que encontram sua principal fonte de lucros em drogas mais pesadas. Para de fato acabar com o poder dos barões da droga e toda a violência que cerca sua atividade seria necessário legalizar todas as drogas, sabe-se lá com quais impactos para a saúde pública.
É uma discussão de fato complexa, mas à qual os especialistas não mais podem se furtar. O crime organizado está causando vítimas e jovens muitas vezes normais ou mesmo doentes estão sendo encarcerados ao lado de bandidos realmente perigosos.

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