São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crianças com fobia escolar necessitam de tratamento

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

A volta às aulas vai causar crises de choro e de ansiedade, por alguns dias, em muitas crianças na faixa dos 2 aos 6 anos. A dificuldade de adaptação escolar é mais comum nas crianças que estão indo à escola pela primeira vez.
Em geral, um pouco de habilidade dos pais e professores é suficiente para superar dificuldades.
Francisco Assumpção Júnior, do serviço de psiquiatria da infância e da adolescência do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, diz que a criança chora e tem medo porque percebe que sua mãe está indo embora.
A escola é, muitas vezes, a primeira separação real na vida dessas crianças. Elas percebem que vão ficar afastadas de pontos de referência fundamentais, como a mãe e a casa.
O medo e a ansiedade podem dar origem a sintomas como vômitos, dores de barriga, tristeza e falta de apetite. Segundo Assumpção Júnior, em poucas semanas a maioria das crianças substitui, na escola, a figura da mãe pela figura da professora, e supera o medo.
O psiquiatra e psicoterapeuta Miron Vladmir Slywitch explica que quanto menor for a criança, maior a sua vinculação com os pais e menor sua capacidade de se sociabilizar. Por essa razão, as dificuldades de adaptação na escola são mais comuns nas crianças menores (de 2 ou 3 anos).
Para Slywitch, à medida em que essa criança percebe que a escola pode ser um ambiente protetor, ela passa a se sentir melhor. A noção de conforto físico é muito importante nessa faixa etária.
Crianças maiores (que têm maior capacidade de sociabilização) podem lidar com a volta à escola de uma forma mais fácil. Elas têm mais habilidade em se comunicar e pedir o que querem.
O controle dos esfíncteres (músculos) que controlam a eliminação da urina e das fezes e a independência em hábitos como comer e beber conferem maior confiança à criança mais velha.
Slywitch diz que famílias que têm dificuldade em se relacionar socialmente podem dificultar a adaptação das crianças à escola.
Algumas crianças persistem com um grande bloqueio em frequentar a escola e apresentam muita ansiedade -é o que os médicos chamam de fobia escolar.
Nesses casos, um profissional da área (psicólogo ou psiquiatra infantil) deve ser consultado. Muitas vezes, é necessário fazer um trabalho terapêutico com a criança e com a sua família.
A dificuldade persistente em se adaptar à escola pode ser apenas um reflexo de sofrimentos em outras áreas da vida da criança. Um trabalho de psicoterapia pode solucionar esses problemas.
As fobias escolares muito graves são tratadas com medicamentos que controlem a ansiedade e os sintomas físicos.

Texto Anterior: 17 blocos desfilam hoje na Faria Lima
Próximo Texto: Radialista acompanha filho durante dez primeiros dias
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.