São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 1996
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Financiamento à pesquisa; Sem-terra; Indignação; Igualdade de importância; Cumprimentos; Artigos; Saúde mental

Financiamento à pesquisa
"Com relação à oportuna reportagem publicada em 7/1 sobre o financiamento à pesquisa científica no país, consideramos necessário esclarecer que a reserva técnica associada às bolsas, recentemente criada pela Fapesp, não é uma taxa de bancada, como definida pelas agências federais. A preocupação da Fapesp ao criar essa dotação de 30% do valor das bolsas de mestrado e doutorado foi a de garantir a seu bolsistas plenas condições para a realização de seu projeto de pesquisa e para o aprimoramento de sua formação. Assim, por exemplo, o material de consumo, as atividades de campo, a participação em cursos e eventos científicos e até mesmo a realização de parte do projeto em outras instituições no país e no exterior podem ser financiados com esses recursos desde que o orientador encaminhe solicitação nesse sentido. São recursos marcados, que só podem ser utilizados para os fins designados, e não para o custeio da infra-estrutura de pesquisa dos departamentos."
José Fernando Peres, diretor-científico da Fapesp -Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Sem-terra
"Como sempre, forte e no ponto o artigo de Marilene Felinto de 6/2, referente aos sem-terra: 'Sessão do júri está aberta para todos'. Visitando o Pontal do Paranapanema, em 2/2, com uma comissão de parlamentares e entidades civis, pude ouvir Diolinda, presa, contar a proposta do delegado Fogolin, feita na frente do seu advogado e de outras testemunhas, de que ela deveria aceitar sua sugestão da troca dos quatro presos por José Rainha. O argumento chegava a 'você é mãe, seu filho precisa de você'! No mesmo momento em que ela nos relatava esse fato o 'Jornal Nacional' dava com toda a segurança a notícia: 'Advogado dos sem-terra propõe troca de prisioneiros por Rainha'. Temos de ter em mente que grileiro é diferente de posseiro, que tem direito à terra depois de cinco anos se ela for de propriedade privada. O grileiro, por a terra ser da União, nunca poderá ser dono dela. As fazendas em litígio no Pontal são griladas e algumas delas chegam a ter 900 ha. São essas mesmas que os donos não aceitam ceder 30% para os sem-terra. Há famílias há mais de cinco anos acampadas esperando uma resolução. A paciência dos sem-terra me impressionou."
Marta Suplicy, deputada federal pelo PT-SP (Brasília, DF)

Indignação
"Minha indignação é em relação à manchete facciosa publicada em 26/1, comentando a crítica feita pela sra. Ruth Cardoso com relação à aposentadoria dos professores universitários. Tal manchete chamava para o texto na última página do mesmo caderno. Surpresa! O texto tratava, em sua quase totalidade, do programa Universidade Solidária e, num mesmo único período, a primeira dama comentava, também, o fato de serem baixos os salários pagos aos professores universitários. Então por que a ênfase foi dada à primeira e não à segunda parte dessa afirmação? Há muito que a mídia em geral, e a Folha em particular, tem se mostrado tendenciosa com relação às universidades públicas e extensivamente aos supostos 'privilégios' dos professores universitários. Porém, francamente, dessa vez a Folha foi longe demais. É o mesmo que propaganda enganosa. Se esse jornal quer mesmo manter-se como um veículo sem o 'rabo preso' com aqueles que só querem denegrir as universidades públicas e assim preparar o terreno para a privatização também na educação superior, qual a justificativa da referida manchete?"
Lúcia Pereira da Silva, professora titular do Departamento de Bioquímica da Universidade Estadual de Campinas (Campinas, SP)

Igualdade de importância
"Gostaria de parabenizar este jornal por tratar com igualdade de importância o crime bizarro cometido por um vigilante da Pires Serviço de Segurança, Nivaldo Dias, que assassinou, em 9 de fevereiro de 1995, a tiros, Valdemir Damião da Purificação, e que disparou por achar que o vendedor era 'um assaltante, porque era preto e levava uma grande bolsa de vinil'. A perversidade do racismo brasileiro está impregnada como dado cultural e faz com que as pessoas não se percebam racistas, tampouco discriminadas, como se assumissem a superioridade de uma etnia em relação a outra como verdadeira."
Aleixo Paraguassú Netto, secretário de Estado de Educação do Mato Grosso do Sul (Campo Grande, MS)

Cumprimentos
"Esta breve nota é para parabenizar a Folha e seus leitores pela magnífica contratação de Celso Pinto para ser colunista do jornal. Com textos 'enxutos' e muitíssimo bem-escritos, Celso Pinto tem explicado aos leitores da Folha pontos importantes da vida política e econômica do país. Os parabéns vão também para Celso Pinto, cujas últimas colunas são de uma clareza exemplar, apesar de ele tratar de temas complexos de economia."
Álvaro A. Zini Jr., professor titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP -Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Artigos
"Por meio desta quero parabenizar este jornal pela iniciativa da seção 'Autores', publicada no caderno Mais! aos domingos. Meus cumprimentos, especialmente, pela publicação do artigo 'Ruídos na canção neoliberal', do cientista social italiano Antônio Negri (28/1), sem dúvida o melhor texto publicado até agora na imprensa brasileira sobre as recentes lutas sociais travadas na França. Iniciativas como essa e como as entrevistas do general Giap e de Noam Chomsky, publicadas em anos passados, contribuem sem dúvida para tornar a Folha um jornal moderno e ampliar seu campo de leitores."
Sérgio Soares Braga, editor da 'Revista de Sociologia e Política' e professor de ciência política do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná (Curitiba, PR)

Saúde mental
"Na área da saúde mental está se cometendo uma enorme violência com o paciente que se trata em algum serviço do município. É lamentável e preocupante o total desconhecimento que está havendo na implantação do PAS na saúde mental. Não é possível que pessoas que elaboraram esse plano desconheçam a relação que deve existir entre pacientes e terapeutas. Essa relação leva anos para ser estabelecida e não pode sofrer qualquer interrupção porque é frágil, sutil e delicada. O doente mental é muito frágil e não pode ficar à mercê de burocratas de plantão que desejam transformar o atendimento ao paciente mental em apenas fonte de lucros!"
Geraldo Peixoto, do Fórum Paulistano de Saúde Mental (São Paulo, SP)

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