São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996
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Acordo de encargos será assinado amanhã

MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

O primeiro acordo coletivo no país prevendo a redução dos encargos trabalhistas será assinado amanhã à tarde entre o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e oito sindicatos patronais ligados à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Pelo acordo, as empresas poderão ter os encargos trabalhistas reduzidos em cerca de 30%.
A validade legal do acordo, entretanto, ainda dependerá de normas a serem baixadas pelo governo federal.
Assinarão o acordo, no Palácio do Trabalhador, no bairro da Liberdade (centro de São Paulo), os sindicatos ligados ao Grupo 19-3 da Fiesp, que envolve os setores de material elétrico, eletrônico, refrigeração, trefilação e laminação de metais, material ferroviário e rodoviário, entre outros.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Paulo Pereira da Silva (Paulinho), o objetivo principal do acordo é reduzir o desemprego na categoria.
Ariovaldo Lunardi, coordenador da Comissão de Negociação da Fiesp, prevê que com o acordo poderão ser criados 40 mil empregos neste ano.
Tanto o sindicalista, que é ligado à Força Sindical, quanto o dirigente da Fiesp entendem que o acordo é ilegal.
Por isso mesmo, depois de assinado, ele será entregue ao ministro do Trabalho, Paulo Paiva, para que o governo faça as adaptações necessárias na legislação para torná-lo legal.
Para Octávio Bueno Magano, especialista em direito do trabalho, é preciso mudar a lei, especialmente na questão referente ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Pelo acordo, as empresas que contratarem empregados acima de seu efetivo normal deixarão de recolher o FGTS.
Ele será substituído por uma espécie de poupança em nome do trabalhador, depositada em banco escolhido pelo empregador.
O depósito será de 10% da remuneração do trabalhador. A cada três meses o empregado poderá sacar os fundos, sem qualquer justificativa.
O ex-ministro da Justiça Saulo Ramos (governo Sarney) sugeriu algumas alterações na redação do acordo coletivo.
Ele considera porém, que apenas uma lei tem poderes para mudar o tratamento do assunto.
Para isso, ele redigiu uma sugestão de projeto de lei sobre o caso para que o acordo possa ter validade jurídica.
Ramos considera que o acordo "tem boas intenções" porque visa atacar o desemprego.

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