São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996
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Hélio Luz diz que Spike Lee foi "otário"

DA SUCURSAL DO RIO

O chefe da Polícia Civil do Rio, delegado Hélio Luz, chamou o diretor norte-americano Spike Lee de "otário" por ter pago aos traficantes para poder filmar no morro Dona Marta cenas do clipe de Michael Jackson.
Na sexta-feira, Lee disse à Folha que a produção do videoclipe pagou aos traficantes.
"Ele pagou porque é otário. Deve estar acostumado a fazer isso lá nos Estados Unidos e fez aqui também", afirmou Luz.
O chefe da polícia disse que garantiria segurança para Jackson filmar em qualquer lugar do Rio.
O presidente da Associação de Moradores do morro Dona Marta, José Luis de Oliveira, 30, confirmou que houve negociação com os traficantes do morro.
"O tráfico concordou", disse, afirmando não saber quem negociou com os traficantes, mas garantindo não ter sido ele.
"Houve a aprovação pelo tráfico, pelo César Maia, pela polícia e pela comunidade", afirmou Oliveira.
Procurados pela Folha, os representantes da produtora Skylight se recusaram a falar sobre o contato dos traficantes com a produção.
Márcio Amado de Oliveira, 25, o Marcinho VP, apontado pela polícia como o líder do tráfico no morro, mandou ontem uma camiseta para Spike Lee com os nomes de 23 jovens que teriam sido mortos pela polícia nos últimos três anos.
A camiseta foi entregue por um emissário, que não se identificou. Os nomes estavam gravados em letras brancas maiúsculas.
Durante as gravações, Marcinho VP circulou desarmado pelo morro e não houve venda de tóxicos; o movimento de venda foi nornal durante a madrugada.
Ontem, cerca de 50 policiais militares guardavam as principais entradas da favela. Outros 60 seguranças, contratados pela produtora do clipe na própria favela, cuidavam da segurança nas áreas internas do morro.

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