São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Procter & Gamble aposta no Brasil

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Procter & Gamble quer aumentar de forma substancial sua presença no mercado brasileiro.
A direção da empresa, que produz majoritariamente produtos de higiene pessoal, pretende que, em cinco ou seis anos, a filial brasileira seja a maior entre os países da América Latina.
Hoje, ela perde, de longe, para a subsidiária no México.
O novo presidente da empresa no Brasil, o suíço Richard Laube, de 39 anos, usa uma imagem simples para deixar claro essas intenções de expansão.
Ele aponta as fotografias dos Alpes suíços que decoram sua sala ao dizer que a Procter & Gamble quer ter uma participação no Brasil tão sólida como uma das montanhas retratadas nas fotos.
Para chegar lá, a P&G brasileira terá que crescer muito.
História
Fundada em 1837 por dois europeus que foram para os Estados Unidos, ela é hoje um dos 35 maiores grupos americanos, segundo a listagem da revista "Forbes", com um faturamento de US$ 33 bilhões ao ano.
Seus produtos são vendidos em mais de 140 países.
No Brasil, porém, ela chegou muito mais tarde do que seus principais concorrentes internacionais, como a Unilever (conhecida no mercado brasileiro como Gessy Lever) e a Johnson & Johnson.
Depois de um início tímido, na década de 80, a P&G já conseguiu ganhar uma fatia significativa do mercado no caso de alguns produtos, notadamente fraldas, com sua marca Pampers.
Economia
A atual situação da economia brasileira reuniria uma série de condições para que o grupo investisse firmemente no país, como maior abertura ao capital estrangeiro, liberalização da economia e indícios de que está havendo uma melhor distribuição de renda (leia texto ao lado).
Um episódio está, no entanto, preocupando os dirigentes da P&G: a compra da Kolynos pela Colgate, que dá à empresa uma participação de mercado estimada em cerca de 75% na área de produtos dentais.
A Procter & Gamble conseguiu que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aceitasse analisar o caso, sob a alegação de que a compra vai criar uma situação de quase monopólio para a Colgate-Kolynos.
Laube acha que um dos maiores problemas do caso é que a nova participação da Colgate não terá sido construída por meio de um crescimento gradual, com a utilização de recursos de marketing, mas sim pela simples compra de uma empresa por outra.
Além disso, criar uma situação em que um grupo detém mais de 70% do mercado de uma linha de produtos, diz, tende a inviabilizar qualquer concorrência.
Previsão
Laube faz questão de não citar produtos dentais entre os setores nos quais a P&G poderá investir no Brasil.
A empresa não vai, porém, tomar mais nenhuma iniciativa em relação ao caso. "Nós confiamos no Cade e achamos que vai ser tomada a decisão certa", disse.
Discreto quanto a detalhes da sua estratégia de crescimento no Brasil, Laube diz que a empresa não pretende necessariamente comprar outras companhias como forma de se expandir.
A P&G comprou duas empresas brasileiras, entre elas a tradicional fabricante de sabonetes Phebo.
Ele admite que o grupo analisou o perfil de muitas empresas que poderiam ser compradas.
Mas sua direção teria chegado à conclusão de que bem poucas apresentariam as características necessárias para interessar, de fato, à P&G.
Ele diz que não pode comentar as informações de que o grupo teria feito uma oferta de compra da Bombril, hoje em poder do grupo italiano Cragnotti & Partners.
Mas recomenda que não se fale muito a sério sobre essas especulações.

Texto Anterior: Setor de jóias aumenta faturamento em 15%; Arby's inaugura loja franqueada em Brasília; Bolsa paulista altera horário do pregão
Próximo Texto: Para grupo, real ajudou vendas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.