São Paulo, segunda-feira, 12 de fevereiro de 1996
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'Máquina 3' fixa modelo de diversão

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Duas balelas muito difundidas na cultura cinematográfica: 1) é impossível um filme ser ao mesmo tempo popular e profundo; 2) filme é uma coisa feita exclusivamente para divertir.
"Máquina Mortífera 3" (Globo, 21h45) não é um desmentido a esses postulados. É, em princípio, sua confirmação.
Para desmentir o item 1 para o espectador ver um filme de Tim Burton ou Clint Eastwood, por exemplo: são expressões acabadas de Hollywood, mas fazem o que há de melhor em matéria de cinema americano.
O item 2 é mais complicado. Trata-se de tomar um dado subjetivo (o que diverte a cada pessoa) e imaginá-lo como um conceito com valor universal. Para os que acreditam no "cinema diversão", a simples lembrança de nomes como Antonioni é quase uma agressão: como se gostar de certo tipo de filmes fosse um atestado de masoquismo. Bem, "Máquina Mortífera 3" é um filme-padrão para os cultores dessas crenças. Seus personagens têm existência protocolar: o mínimo para que se possa aceitá-los como seres humanos.
Lá estão o tira à beira da aposentadoria (Danny Glover) e o outro louco por perigo (Mel Gibson). Mas Gibson arrasta o companheiro para a ação, como se despertasse nele um instinto básico.
A rigor, "Máquina Mortífera 3" (como o 1 e o 2) propõe ao espectador algo muito simples: abstrair o instinto de sobrevivência durante 2 horas.
Nesse sentido, tudo é feito, e de maneira eficaz, para que sejamos atirados dentro de uma ação tresloucada: correria, explosões, perigos. Nada que lembre, nem remotamente, a realidade. Somos puxados para um tipo de vivência puramente pulsional. É nesse sentido que a palavra "diversão" se aplica com perfeição a este filme.
(IA)

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