São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Gol do Marcelinho deveria ir para a Bienal

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, o Spike Lee, que adora o fut brasileiro, e o Michael Jackson deveriam incluir o gol do Marcelinho no clipe que gravaram no Brasil. Ele, o gol, foi a mais pura manifestação do gênio da raça.
Aliás, o Edemar Cid Ferreira poderia abrir uma sala na Bienal só com o gol do Marcelinho. Título da sala: arte brasileira.
*
Candinho e Eduardo Amorim são dois técnicos promissores. Procuram trabalhar seriamente, sem estrelismos, visando mais a eficiência do que a exposição própria. São profissionais do boa reputação.
No entanto, como principais responsáveis por dois times importantes do futebol brasileiro, permitiram que suas equipes se entregassem a uma violência desastrosa para os rumos do futebol.
Aos dois falta ainda um controle maior, sob o aspecto psicológico, das suas equipes. Aos dois falta também uma certa malícia que impediria que o jogo descambasse para o festival de cartões que virou o clássico alvinegro.
O time do Eduardo Amorim, no primeiro tempo, promoveu uma chacina esportiva: na metade do primeira fase, já havia cometido 17 faltas.
O mais grave era a qualidade das faltas: jogadores entrando sem nenhum constrangimento, por trás, no tornozelo do adversário, com a máxima deslealdade, colocando em risco a continuidade da carreira profissional do colega.
(De resto, se o Paulista vai bem tecnicamente, vai muito mal na violência: média de dois cartões vermelhos por jogo, na rodada, é assustadora!)
O resultado não poderia ser outro: uma dezena de cartões amarelos e mais quatro cartões vermelhos. Mas a questão é: era possível evitar tanta violência?
Era. O Corinthians deu o pontapé inicial do jogo. Pelo regulamento, o técnico Eduardo Amorim poderia, no meio do primeiro tempo, solicitar o chamado tempo técnico não só para dar um pouco de serenidade ao time, como também para ajustar o seu meio-campo, que tomava um baile danado do Santos.
Robert, do Santos, que fez um primeiro tempo impecável, comandava todo o jogo. Recebia sempre livre de marcação e ditava o ritmo da partida. Perdido, desarrumado, ao Corinthians só restava uma alternativa: bater. E bater muito.
Pois bem, Amorim foi omisso. Viu, de braços cruzados, seu time perder taticamente e perder a cabeça. Por pouco, o Corinthians não se afundou em uma tragédia histórica no alçapão da Vila.
A tragédia só não foi maior para o Corinthians porque, do outro lado, Candinho também não soube se impor aos seus jogadores (alô, alô, Candinho, cinco cartões vermelhos em dois jogos é um pouco demais, nemesmo?).
O técnico do Santos não tinha alternativa. Jogou com o time que dispunha. Já o Eduardo Amorim deixar no banco o Tupãzinho e o Marcelo Souza, que consertaram o time no segundo tempo, para escalar o Leônidas e o Mazinho Loiola é um pouco demais para a minha cabeça.
PS: O Edmundo, depois do gol, reclamou, acertadamente, que o Eduardo estava demorando para mexer no time.

Texto Anterior: Corinthians recua e aplica multa de 10% a Edmundo por expulsão
Próximo Texto: Injustiça
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.