São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 1996
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Bósnios extraditam sérvios para Haia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo da Bósnia extraditou ontem para Haia, na Holanda, dois oficiais sérvios acusados de crimes de guerra.
A prisão deles provocou o rompimento entre sérvios e o governo croata-muçulmano, que pode levar ao fim do processo de paz.
Os oficiais (o general Djordje Djukic e o coronel Aleksa Krsmanovic) chegaram às 23h (20h em Brasília) aos presídio de Sheveningen, perto de Haia, a pedido do tribunal da ONU que julga crimes de guerra, sediado na cidade.
Os dois deixaram a prisão em que eram mantidos, em Sarajevo, Sarajevo, já à noite, com os rostos cobertos por casacos.
Antes da chegada deles a Haia, nem a Otan nem a ONU confirmavam o deslocamento dos prisioneiros. Um forte esquema de segurança junto ao presídio central de Sarajevo foi montado pelos militares franceses a serviço da Otan.
Mais tarde, a Otan disse que ele foram submetidos a exame médico antes do embarque. Eles são os mais importantes de uma lista de 11 presos pelo governo em Sarajevo. Os dois militares viajaram em um avião C-130 da Otan.
Por causa deles, os sérvios romperam as negociações com os muçulmanos e com a Otan. O julgamento de criminosos de guerra é um dos pontos do acordo de paz.
A deportação aconteceu no mesmo dia em que o diplomata norte-americano Richard Holbrooke, mediador do acordo de paz, disse em Sarajevo que a Otan (aliança militar ocidental liderada pelos EUA) não abriria mão da prisão e julgamento dos criminosos.
Holbrooke voltou ontem a Sarajevo para continuar as negociações que levariam ao reinício do processo de paz, depois de passar por Belgrado. O rompimento dos sérvios é o ponto mais perigoso para a paz desde que o acordo foi acertado, no final do ano passado.
Horas antes da extradição dos prisioneiros, Holbrooke conseguiu um acordo parcial entre governo e rebeldes. Por ele, o governo bósnio vai submeter nomes e cargos de suspeitos de crimes de guerra ao Tribunal Penal Internacional, antes de prendê-los.
O tribunal já tem uma lista de 52 suspeitos, mas pode ampliá-la com os dados do governo bósnio. No fim-de-semana, os bósnios já haviam libertado quatro sérvios, o que reduziu a tensão.
Milhares de pessoas participaram de uma manifestação de apoio ao general Ratko Mladic e ao psiquiatra Radovan Karadzic, líderes militar e civil dos sérvios da Bósnia, nos arredores de Sarajevo.

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