São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 1996
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Major teme novo ataque, mas mantém negociações

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

O primeiro-ministro do Reino Unido, John Major, afirmou ontem que suspeita de novas explosões em Londres, mas que elas não vão interromper o processo da paz na Irlanda do Norte.
Ele foi ao Parlamento, à tarde, fazer um discurso sobre o ataque terrorista do IRA na última sexta-feira, em Londres.
"Não pode haver fim para a procura por um acordo permanente de paz na Irlanda do Norte", afirmou Major. Às 21h de ontem em Londres (18h em Brasília) ele fez um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV.
O premiê descartou conversas com o Sinn Fein, partido político ligado ao IRA (Exército Republicano Irlandês), enquanto o cessar-fogo das atividades terroristas do grupo não for reiniciado.
Antes do atentado, as negociações já não vinham incluindo o partido, por causa de um impasse sobre a entrega das armas do IRA.
Major voltou a insistir na convocação de eleições na Irlanda do Norte como a melhor saída para o processo de paz, mas disse estar aberto a outras sugestões.
No último domingo, o premiê da República da Irlanda, John Bruton, afirmou que a insistência do governo britânico em realizar eleições agora seria o mesmo que "jogar gasolina na fogueira".
Major e Bruton devem se reunir ainda este mês em Londres para discutir o futuro da paz.
Ontem, Bruton resistiu a pressões de senadores norte-americanos de origem irlandesa para que revisse sua decisão, anunciada no sábado, de interromper qualquer diálogo com o Sinn Fein, até que o cessar-fogo seja restabelecido.
"Como eles se sentiriam se seu governo mantivesse conversas com um partido político associado a uma campanha de violência que prejudica os interesses das pessoas que eles representam?", disse.
Em artigo publicado ontem no jornal "The Guardian", o líder do Sinn Fein, Gerry Adams, afirmou que "este não é o momento para fechar as portas ao diálogo. Isso só agravará a situação".
"Se o IRA precisa assumir a responsabilidade por suas ações em Londres, o governo britânico precisa assumir sua total responsabilidade pelo colapso do processo de paz", escreveu Adams.
Para o jornal "Irish Times", de Dublin, o atentado foi um ato isolado do IRA, que não deve interromper o processo de paz.
Fontes do jornal disseram que o grupo considera que o governo levava as negociações com excessiva lentidão, e que o ataque tinha por objetivo acelerá-las.
Ontem, milhares de pessoas se reuniram em Belfast, capital da Irlanda do Norte, para manifestar apoio à paz.

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