São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 1996
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Mortos pela chuva no Rio já são 54

DA SUCURSAL DO RIO

Pelo menos 54 pessoas já morreram em função das chuvas que atingem o Estado do Rio de Janeiro desde anteontem. Só ontem foram 39 mortes. As chuvas dos dois dias foram as mais fortes já registradas na cidade do Rio desde 1922, quando as medições começaram a ser feitas. Das 54 mortes, 44 ocorreram na cidade do Rio.
Desde o início do verão, 166 pessoas morreram em todo o país em acidentes provocados pelas chuvas -três por dia.
Na favela Sítio do Pai João, no Itanhangá (zona oeste), 19 pessoas foram soterradas por um deslizamento de encosta. O Corpo de Bombeiros levou dez horas para providenciar uma retroescavadeira para remover os escombros. Até 20h30, 14 corpos haviam sido resgatados.
A precariedade dos serviços públicos afetou ainda os moradores da Barra da Tijuca, que ficaram até o início da tarde ilhados, com todas as vias de acesso ao bairro obstruídas.
Em Jacarepaguá, dez pessoas morreram. A área foi a mais prejudicada pelas chuvas, que causaram alagamentos em ruas e casas. Carros foram soterrados por lama. A avenida Ayrton Senna, a principal via de acesso ao bairro, ficou inundada em vários pontos. A Defesa Civil ainda registrou quatro mortes na Rocinha e seis no Vidigal.
A estimativa é que 3.600 pessoas vivam em áreas de alto risco na cidade. Mesmo com esse quadro, o orçamento para obras de contenção de encostas (R$ 73 milhões) é o mesmo que será gasto pelo projeto Rio Cidade no embelezamento de ruas e calçadas da cidade. O prefeito César Maia disse que a prefeitura não tem responsabilidade pelas mortes em áreas de encostas, pois os moradores haviam sido avisados do risco.
Os prefeitos de Angra dos Reis e Parati, litoral sul do Estado, decretaram estado de calamidade pública. Quatro pessoas morreram em Angra no naufrágio de uma traineira. A prefeitura disse que até ontem ainda não tinha recebido ajuda do Estado. O governador Marcello Alencar manteve sua programação e viajou para os EUA, na noite de anteontem, onde fica até o dia 27, acompanhando reuniões do Banco Mundial.
Além das mortes na capital do Estado e no litoral, uma menina morreu em um soterramento em Mendes (interior).
Em São Paulo, voltou a chover ontem no litoral norte. As principais estradas de acesso à região foram interditadas.

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Sobre as chuvas às págs. 4, 5 e 6

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