São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 1996
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Carnaval faz dólar subir para R$ 0,985

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar bateu no "teto" da minibanda. O BC (Banco Central) foi, pela primeira vez no mês, obrigado a vender. Em parte, a culpa é do Carnaval.
Por causa das festas de Momo, ficou extremamente vantajoso para os bancos atuarem ontem na ponta de compra de dólares.
Basicamente foi feita a seguinte operação: ontem, o banco comprou dólares e os "emprestou" (cobrando um preço) a outra instituição, ganhando uma linha de financiamento. Hoje, o mesmo banco vai vender dólares.
O resultado final é o acesso a uma linha de financiamento por cinco dias (o efeito Carnaval), com um custo de um CDI (taxa de juros dos negócios entre bancos) e o ganho da diferença de preços.
Mas, além de ser vantajoso para os bancos atuarem na compra, o mercado registrou saídas financeiras (segundo os analistas, foi o desmonte de outro "box" feito por estrangeiros).
O resultado final foi uma demanda por dólares maior do que a que o mercado poderia suportar, e o BC foi obrigado a intervir. Hoje, o dólar volta para baixo.
Menos efêmero será o efeito do leilão de títulos do Tesouro, que vendeu papéis longos prefixados ou corrigidos pelo dólar ou pela TR.
No total, a colocação foi de R$ 4,7 bilhões -cerca de R$ 1,7 bilhão maior do que o resgate previsto. Entre hoje e amanhã, o BC e o Tesouro "enxugaram" o mercado em R$ 3,4 bilhões.
O título prefixado foi adquirido pela taxa-over de 2,99%; o cambial, pelo juro anual de 17,7%; e o corrigido pela TR, por 16,10%.
Essas taxas, consideram os analistas, mostram que o mercado continua apostando em um juro cada vez menor. A queda na taxa efetiva em cada mês prevista é de 0,1 ponto percentual.
O resultado do leilão, portanto, não é compatível com a trajetória prevista no mercado futuro.
Hoje, o juro deve subir no futuro, já que quem comprou títulos vai procurar proteger suas posições, fazendo "hegde".
Bolsas e títulos da dívida fecharam em baixa. Por um lado, continua o movimento de realização de lucros e, de outro, ninguém parece querer montar uma posição e pular o Carnaval pensando na Telebrás.

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