São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 1996
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Hill traduz em imagem violência do tráfico

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Para o bem e para o mal, uma das especialidades de Hollywood é elaborar enormes fantasias em torno de temas pertinentes, caso de "O Limite da Traição", de Walter Hill (Globo, 1h).
O resultado com frequência é fastidioso. Aqui, no entanto, o recurso à aventura para tratar um assunto como a amizade infantil (e as decepções posteriores) faz sentido.
Na história, Nick Nolte é um membro dos Texas Rangers, que combate o tráfico na fronteira com o México.
Seu adversário é um traficante violento ao extremo (Powers Boothe), ex-amigo do peito e, de passagem, ex-namorado de Sarita (Maria Conchita Alonso), atual namorada do policial.
Se elabora a questão da dor, que envolve a amizade do tira com o criminoso, o filme empenha-se em criar um retrato pouco convencional dos traficantes de entorpecentes.
Esse aspecto vem menos do roteiro do que do parti pris de Hill. Desde o ator que faz o criminoso (Boothe tem um jeito particular de ser mau) até o trabalho com o som, tudo enfatiza a violência própria dessa atividade.
Não se trata de produzir signos que distinguem os bons dos maus, os policiais dos bandidos -como manda a convenção dos filmes sobre traficantes. Mas, sim, uma imagem do mundo em estado bruto, em que a violência não é um meio inerente à atividade, mas um fim em si.
Isso pode não ser a única imagem possível, nem a melhor. Mas resume uma maneira de apreender a criminalidade vinculada às drogas.
No mais, a sequência final tem realização fortíssima: se nada mais valesse, ao menos ela valeria a visão do filme.

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