São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 1996
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Nova antologia traz arranjos inéditos

'Anthology 2' chega em março às lojas do Brasil e EUA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O requentamento da beatlemania ainda não acabou. Vem aí a segunda onda: em 19 de março, chega às lojas "Anthology 2", o CD triplo com 45 faixas inéditas feitas entre 1965 e começo de 1968.
Os especialistas têm certeza de que o novo álbum vai eclipsar o já enorme sucesso do predecessor, lançado em novembro, que vendeu 3,1 milhões de cópias só nos Estados Unidos. No Brasil, a nova coletânea chega às lojas também no final de março.
A principal atração é "Real Love", outra música que John Lennon compôs deixou gravada sem divulgar ao público e que foi arranjada pelos outros Beatles que acrescentaram suas vozes e instrumentos aos de Lennon.
No primeiro CD triplo (que tem 60 faixas e custa US$ 32 nos Estados Unidos), a música "Free as a Bird", produzida nas mesmas condições de "Real Love", foi um fracasso de crítica.
Para os beatlemaníacos, ainda mais importante vai ser ouvir versões alternativas de grandes sucessos do período considerado pelos críticos como o mais criativo do grupo.
Por exemplo, as duas versões originais completas de "Strawberry Fields Forever", que depois foram fundidas, apesar de terem compassos diferentes e estarem em claves diversas, para criar o que chegou ao público.
"A Day in the Life", "Yesterday"(a música dos Beatles com o o maior número de recriações 2.961), "Penny Lane", "Norwegian Wood" e "Lucy in the Sky With Diamonds" são outras canções que vão poder ser examinadas em arranjos diferentes dos que as consagraram.
Três músicas que os Beatles preferiram não lançar também estão incluídas: "That Means a Lot", "I You've Got Trouble" e "12-Bar Original".
Há sete canções gravadas durante apresentações ao vivo do conjunto, entre elas "I Feel Fine", "Ticket to Ride", "Yesterday" e "She's a Woman".
O projeto "Anthology" vai render aos três beatles sobreviventes e a Yoko Ono, a viúva de Lennon, alguma coisa em torno de US$ 120 milhões.
Ele incluiu o programa de TV que a Rede Globo mostrou em dezembro (pelo qual a rede norte-americana ABC pagou US$ 20 milhões para ter exclusividade no mercado norte-americano).
Uma versão ampliada do documentário (com dez horas de duração) será lançada nos EUA em abril. Depois, virá um terceiro álbum em CD com material de 1968 até a dissolução do conjunto em 1970.
Para encerrar, um livro em dois volumes, com a íntegra dos depoimentos dos Beatles para o documentário e dezenas de fotos inéditas.
Em números absolutos, os Beatles vão faturar mais em 1996 do que em todos os anos em que atuaram juntos.
Em 1995, seu faturamento foi de US$ 130 milhões, o terceiro maior da indústria do entretenimento nos EUA, segundo a revista "Forbes", menor só do que os do cineasta Steven Spieberg e da apresentadora Oprah Winfrey.
É claro que a maior parte dos compradores dos produtos do revival dos "Fab Four" são integrantes da geração do baby-boom, pessoas no final dos 40 anos e entrando nos 50 anos.
Mas os produtores do projeto "Antologia" dizem que a reação dos atuais adolescentes ao relançamento dos Beatles foi melhor do que se antecipava: do total de consumidores do primeiro CD triplo, 44% são teens.
Se no final do ano o mercado ainda continuar desejando mais Beatles e todo o refugo dos anos 60 tiver se esgotado (os arquivos do estúdio em Abbey Road, onde o grupo gravava, na Inglaterra, têm 400 horas de gravações dos Beatles), sempre é possível planejar uma reunião dos filhos dos Fab Four para continuar o processo.

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