São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 1996
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Encargos; Preço dos livros; Descentralização; Afronta; Amargo aprendizado; Homenagem; Revolução na mídia; Nome apropriado

Encargos
"Causou-me estranheza o editorial 'Corporativismo' (8/2). Em primeiro lugar pelo fato de o jornal tratar a reação do empresariado contra a redução dos encargos sobre a folha de pagamentos como uma 'apressada intransigência' que poderia fazer 'naufragar uma das iniciativas mais importantes e sensatas' nesse campo. Ora, mais que ninguém são os empresários os principais interessados na redução dos encargos que oneram o custo do trabalho e diminuem as possibilidades de emprego. Em nenhum momento se afirmou algo em contrário. Temos insistido, isso sim, para que não se misture o joio e o trigo na cozinha das reduções, inclusive sem nenhuma originalidade, como aliás se vem fazendo, para em seguida jogar o pudim pela janela porque este ou aquele ingrediente já não presta. É preciso aprofundar a análise sobre cada um desses encargos porque assim como há os que devem ser eliminados, há outros que precisam ser mantidos. Os que devem ser eliminados? Aqueles que não funcionam. Aqueles cujos recursos, depois de arrecadados, saem pelos ralos do governo como enxurradas sem destino. Aqueles cujos benefícios o trabalhador não vê ou, quando vê, espanta-se de horror. A segunda razão da estranheza é o fato de o jornal vincular instituições como Sesi e Senai, e por decorrência também Sesc e Senac, aos interesses dos empresários, como se essas entidades, fundadas e mantidas por eles, existissem para prestar-lhes serviços. São os trabalhadores, os empregados, os verdadeiros beneficiários da ação dessas organizações. Os empresários insistem na sua continuidade porque, acima de tudo, servem a toda a sociedade brasileira. Agora, se desagrada a alguns que os empresários se ocupem desses problemas e o façam com competência, a conversa é toda outra. Os que assim pensam, entretanto, não precisam preocupar-se. Afinal, o país tem tantas e tão variadas dificuldades sociais e econômicas que sobra espaço, muito espaço, para todos aqueles que desejam sinceramente fazer alguma coisa."
Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac no Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Apesar de não ter certeza de que as instituições citadas pelo missivista não disponham de uma certa "gordura", a Folha em nenhum momento propôs sua extinção. Criticou apenas o fato de essas instituições tentarem obter uma arrecadação adicional (que hoje não existe) sobre os salários dos trabalhadores temporários, mormente num momento em que todos estão negociando e fazendo concessões.

Preço dos livros
"Venho manifestar, em nome das editoras brasileiras, nossa discordância quanto à forma como está sendo tratado o assunto 'preços dos livros no Brasil'. É o eixo da discussão que está equivocado. O que na verdade está sendo discutido é o custo de vida, dos produtos e dos serviços no Brasil. Tratar o assunto de maneira simplista, pela comparação pura e simples de preços estrangeiros e nacionais, não traz nenhum proveito concreto. Três são os fatores de resolução para que seja realmente viável baixar os preços e aumentar o número de leitores: 1) Estabilidade da moeda e uma política monetária compatível com juros internacionais; 2) Uma política séria, consistente e duradoura de valorização da cultura e da educação (leitura) como instrumentos de avanço social e econômico; 3) Desenvolvimento do mercado institucional, com ênfase no sistema de bibliotecas públicas; 4) Como consequências dos três fatores anteriores, mercado forte e competitivo, que, em última análise, é a única forma sustentável de aumentar tiragens e reduzir preços. O resto se resolve. Na história brasileira, o setor editorial é dos que menos necessita de intervenção governamental. Nunca existiu uma Embralivro. A melhor coisa que o Estado pode fazer é não fazer nada, desde que priorize a cultura e a educação como projeto nacional e garanta liberdade econômica e estabilidade de preços."
Sérgio Machado, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Rio de Janeiro, RJ)

Descentralização
"Tem razão a Folha em seu editorial 'Remédio não é vacina' ao dizer que a descentralização da gestão da saúde para os municípios não será uma garantia do fim das fraudes, das corrupções e ineficiências administrativas. Realmente é impossível garantir que frente a todas as prefeituras existam somente administradores honestos e competentes. Mas um resultado é certo: tudo que é feito de uma forma descentralizada pelo município regra geral sai mais barato, é mais rápido e pode ser melhor fiscalizado. A descentralização da administração pública será o primeiro grande passo para o aperfeiçoamento da nossa democracia."
Welson Gasparini, deputado federal (PSDB-SP) e presidente da Associação Brasileira de Municípios (Brasília, DF)

Afronta
"Como posso respeitar os políticos? Que moral eles têm para decidir sobre a aposentadoria do povo? Como é que conseguem continuar com o privilégio de contribuir por apenas 8 anos para se aposentar e querer que a população contribua por 30 ou 35 anos para, ainda assim, ganhar R$ 100,00 por mês? É uma afronta sem limites! É uma humilhação para todo o país!"
Dora Olivetti de Carvalho Pereira (São Paulo, SP)

Amargo aprendizado
"Os cariocas estão aprendendo, a exemplo dos paulistanos no último mês, que a água necessita de espaço para se infiltrar no solo, que é o seu destino final após cair lá de cima. A culpa pelas enchentes é exclusivamente da falta de um controle da ocupação urbana. As megacidades estão condenadas, em um futuro próximo, a passarem por constantes e repetidos constrangimentos nos meses de dezembro a março. Talvez até já seja tarde para controlar essa ocupação desordenada. Mas, se nada for feito a curto prazo, o caos será maior após cada chuva."
Flavio Augusto Pavese (Olímpia, SP)

Homenagem
"Parabéns ao Cony pela homenagem feita ao senador Nelson Carneiro, simplesmente lembrando o que ele conseguiu com sua crença, perseverança e determinação. Infelizes são os que têm memória curta."
Maria Cecília Centurion (São Paulo, SP)

Revolução na mídia
"A revolução que está acontecendo na mídia impressa é algo extraordinário. Os veículos impressos abraçaram a tecnologia e partem para uma evolução gradativa. A mídia impressa está se tornando cada vez mais o meio com o qual o leitor poderá no dia seguinte saber com detalhes e qualidade a notícia que passou como um relâmpago na sua tela eletrônica."
Isaias Ribeiro, diretor-secretário da Associação dos Escritores do Amazonas (Manaus, AM)

Nome apropriado
"A fim de evitar choradeira dos contribuintes, ameaças do senador ACM e outras reclamações da elite, principalmente dos banqueiros, por que não mudamos o nome do Banco Central para Banco de Conveniências?"
Elísio Nunes Ribeiro (Vitória, ES)

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