São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 1996
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Explosão de foguete afeta imagem chinesa

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Pelo menos dez pessoas ficaram feridas anteontem quando um foguete chinês que levava um satélite norte-americano explodiu 20 segundos depois do lançamento. O acidente afeta a imagem do programa espacial chinês, que impôs bloqueio de informações sobre a explosão e isolou a região de Xichang, base de lançamentos.
Não foi divulgada a causa da explosão. Segundo o governo chinês, as investigações continuam.
O foguete Longa Marcha 3B foi lançado às 3h01 (16h01 de quarta-feira em Brasília) na base de Xichang, província de Sichuan (centro-sul). Carregava um satélite que seria usado por empresas de comunicação como a News Corp., do empresário Rupert Murdoch, e a TV Globo do Brasil.
O satélite pertencia à Intelsat, consórcio global de telecomunicações baseado em Washington. Seu valor era avaliado em US$ 205 milhões.
A queda de destroços do foguete deixou pelo menos dez feridos, segundo um jornalista de Xichang.
Hospitais da região entraram "em alerta". Rumores sobre mortes não foram confirmados.
A China tenta abocanhar uma fatia do mercado internacional de lançamento de satélites ao oferecer preços mais baixos do que concorrentes. Um lançamento custaria US$ 42,4 milhões, cerca da metade da cotação internacional.
Especialistas estrangeiros ouvidos pela Folha avaliam que a explosão de ontem vai aumentar custos de seguro e diminuir a credibilidade do programa chinês. Mas rejeitaram a tese de que a tecnologia chinesa esteja muito defasada.
O lançamento de ontem foi o primeiro do Longa Marcha 3B. O foguete, um modelo novo, passou por testes durante três anos.
A estatal chinesa Great Wall Industry Corp, responsável pelo lançamento, disse que o acidente não foi "extraordinário" por se tratar de um modelo novo. Disse ainda não ter dúvidas quanto a viabilidade dos modelos da série.
A China tem contratos para lançar cerca de 30 satélites até 1998. O acidente de ontem não deve levar ao cancelamento de contratos.
Preocupada com repercussão negativa, a China impôs um bloqueio informativo. A explosão foi noticiada pelo serviço internacional da agência de notícias chinesa "Xinhua" em três parágrafos.
Emissoras de rádio e TV, todas controladas pelo governo, não divulgaram a explosão.
O lançamento era transmitido ao vivo pela TV chinesa ao exterior. A transmissão foi interrompida segundos depois da explosão.
A explosão pôde ser ouvida a uma distância de 40 km.

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