São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 1996
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Seleção jogará 'supervitaminada'

MÁRIO MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A TANDIL (ARGENTINA)

A seleção brasileira pré-olímpica de futebol vai consumir, quando estiver completa, pelo menos 200 comprimidos e cápsulas por dia durante o Torneio Pré-Olímpico.
A equipe estréia neste domingo, às 16h, contra o Peru, na cidade argentina de Tandil (380 km ao sul de Buenos Aires).
Cada jogador -serão 20 no torneio- ingere, diariamente, dez comprimidos de complexos vitamínicos, sais minerais, desfatigantes e aminoácidos.
"Isso já era comum em outros esportes, mas demorou a chegar ao futebol, onde havia tabus e empirismo", disse o médico da seleção Joaquim da Mata, 41, há 17 anos na medicina esportiva.
O outro médico da equipe, Artur Jordy, 51, há 26 no esporte, exemplifica o empirismo:
"Há 20 anos, era proibido comer massa no almoço, antes das partidas, porque se dizia que fazia mal aos jogadores."
Hoje, os alimentos ricos em carboidratos, como massas e batata, são obrigatórios nas refeições dos atletas. Os carboidratos produzem energia.
O uso de complexos vitamínicos e outras substâncias existe há cinco anos na seleção, mas nunca os atletas consumiram tantas cápsulas e comprimidos como agora.
Para prevenir infecções, eles tomam vitamina C. Antes e depois dos treinos, ingerem aminoácidos, elementos que provocam a produção de proteínas.
Além disso, os atletas usam complexos vitamínicos e desfatigantes. Com eles, retardam o cansaço, repõem vitaminas e sais minerais perdidos durante esforço e aumentam a força muscular.
Os médicos se negam a dizer o nome industrial dos produtos.
Temem que as empresas utilizem a informação em publicidade e não querem passar o "know-how" para as seleções adversárias.
Mais: pretendem evitar que qualquer pessoa vá à farmácia e, sem orientação de médico e preparador físico, compre os remédios e "imite" os jogadores.
"Com atletas de alto nível, o que conseguimos é apressar a recuperação do cansaço e reduzir a fadiga", afirmou Joaquim da Mata.
Um praticante de body boarding, segunda a avaliação do médico, teria melhora de "100%" no desempenho físico.
O programa implantado na seleção foi utilizado por da Mata no tratamento que fez o jogador Iranildo (hoje no Flamengo) ganhar 8 kg de massa muscular, no Botafogo, em três meses.
Iranildo fazia duas sessões semanais de musculação e tinha carga "pesada" de exercícios.
"Se não fossem os complexos que nós lhe receitamos, ele não conseguiria ganhar peso e não aguentaria os exercícios."

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