São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 1996
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Ieltsin e líder do PC russo se lançam à Presidência

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Rússia, Boris Ieltsin, anunciou ontem, em sua cidade natal, Iakaterinburgo, que vai concorrer à reeleição.
Minutos depois, um congresso do Partido Comunista em Moscou indicou seu líder, Guennadi Ziuganov, para concorrer às eleições presidenciais de 16 de junho.
Ieltsin disse que estava se lançando à reeleição para impedir uma guerra civil no país.
"Meu dever como político que lançou as reformas é consolidar todas as forças saudáveis e impedir choques que possam levar a uma guerra civil", disse, na cidade onde nasceu, nos montes Urais.
Ziuganov, 51, respondeu, depois de receber a indicação do partido, que um novo governo Ieltsin significaria a "destruição" da Rússia. Ele afirmou que o presidente russo era um "rival fraco".
Ieltsin foi eleito presidente da Rússia em junho de 1991. "Eu tenho de dar um futuro para aquilo a que me devotei. Tenho certeza de que posso tirar o país da turbulência, das preocupações e da incerteza", disse o presidente russo.
Ele falou de seus cinco anos de governo e fez piadas com o público que presenciou sua declaração.
Ieltsin disse que sua maior preocupação no momento era um fim para a guerra na Tchetchênia, mas recusou uma saída rápida para a região, como tirar as tropas russas ou lançar um grande ataque.
O presidente chegou a dizer que o líder da rebelião separatista, Djokhar Dudaiev, deveria ser executado, junto com os comandantes de dois sequestros que deixaram um total de mais de 300 mortos.
O último presidente da antiga União Soviética, Mikhail Gorbatchov, afirmou, depois do pronunciamento de Ieltsin, que o presidente russo deve perder a eleição.
"Ieltsin chegou ao seu fim, assim como a sua política", disse.
Iegor Gaidar, o economista que liderou as reformas de Ieltsin em 1992, disse que a candidatura era "um grave erro". Segundo ele, ela só ajudaria os neocomunistas.
A mulher de Ieltsin, Naina, que já tinha se oposto a sua candidatura por razões médicas, disse que a eleição vai ser "uma etapa difícil". Ela afirmou que ficou sabendo ontem da decisão de Ieltsin.
Em Moscou, o líder neocomunista Ziuganov foi eleito candidato do PC depois de receber o apoio de cada um dos oradores da conferência de que participou.
Ziuganov lidera todas as pesquisas de opinião e, com mudanças no discurso tradicional dos comunistas, conseguiu que seu partido tivesse um terço da Duma, a câmara dos deputados russa.
"Os nossos slogans são justiça, segurança e independência. Vamos manter a publicidade ao mínimo e ajudar as pessoas a reviver o poder do governo honestamente", disse.
A conferência foi marcada pela antiga retórica do Partido Comunista. Nela, foi tocada inclusive a Internacional Comunista.

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