São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 1996
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Microindústria está superendividada

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As micros e pequenas indústrias do Estado de São Paulo estão superendividadas.
Uma pesquisa que acaba de ser concluída pelo Simpi, sindicato que reúne o setor, mostra que 59% das 203 consultadas devem para bancos, agiotas etc.
É o maior índice de endividamento do setor desde 92, quando a pesquisa começou a ser feita, informa Joseph Couri, presidente do Simpi, que reúne as indústrias com menos de 50 empregados.
Ele conta que, em janeiro do ano passado, 41% das indústrias eram devedoras. Em janeiro de 1994 este percentual era de 32% e, em janeiro de 1993, de 24%.
Em janeiro de 1995, 14% delas apontaram os juros altos como o grande entrave do momento. Em 1994 e 1993 este percentual era de 15% e 11%, respectivamente.
"Tem banco cobrando 18% de juros ao mês do micro e pequeno empresário. Por isso há um festival de inadimplência no setor."
Além dos juros, o levantamento feito pelo Simpi revela que a carga tributária, o ritmo de vendas e o custo das matérias-primas remam contra o bom desempenho das micro e pequenas indústrias.
Em janeiro, mostra a pesquisa, o faturamento delas caiu 4,4% sobre dezembro.
Na análise de Couri, esta queda é atípica, já que novembro e de Dezembro são os piores meses para o setor.
"Em janeiro sempre faturamos mais do que em dezembro. Neste início de ano conseguimos vender menos do que nos meses mais ruins."
Em janeiro, informa o Simpi, 850 pessoas foram demitidas pelas micro e pequenas indústrias e para este mês a previsão é de mais 1.700 dispensas.
O setor emprega hoje 848,6 mil pessoas. Em julho do ano passado, este número estava próximo de 874 mil trabalhadores.
Couri diz que vem acompanhando atentamente as notícias de que o comércio está vendendo bem. "Acredito que estão mesmo, só que muitos dos produtos estão vindo de fora do país."
Ele afirma que é a favor da abertura do mercado, mas que o governo precisa se utilizar de alguns mecanismos de salvaguardas. "Senão o micro e o pequeno empresário vai quebrar mesmo", afirma o presidente do Simpi.

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