São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 1996
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'Jovens veteranos' podem trazer o ouro

JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Tem razão Jair Picerni, que ontem escreveu nesta coluna que o futebol brasileiro tem grandes chances de chegar à Olimpíada e conquistar o ouro.
O otimismo de Picerni se baseia principalmente na mentalidade mais séria e profissional que, segundo ele, está prevalecendo na preparação da equipe; o meu, na boa safra de jogadores que estamos tendo a felicidade de ver jogar.
Poucas vezes uma seleção olímpica brasileira contou com tantos jogadores de primeira linha, titulares absolutos em seus clubes pelo mundo afora.
A grande maioria do elenco tem uma experiência espantosa para sua idade. Jogadores como Roberto Carlos, Juninho, Zé Elias, Narciso, Sávio, Caio e Jamelli têm a segurança de veteranos experimentados em grandes e pequenas guerras.
Passaram pelas pedreiras de campeonatos paulistas, cariocas, brasileiros, alguns pela Libertadores e Copa América.
Zagallo tem nas mãos a grande chance de conquistar o único grande título ainda inédito para o futebol brasileiro. Para não desperdiçá-la, só não pode vir com idéias estranhas de deixar um Souza ou um Caio no banco. O talento deve sempre prevalecer, em qualquer circunstância.
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Por falar em talento, dá gosto ver o iluminado Marcelinho passeando sua classe e sua alegria por nossos esburacados gramados. Há mais de dois anos, ele é o melhor e mais efetivo jogador do Corinthians e um dos grandes do país, mas muita gente se recusava a perceber isso.
O gol de placa contra o Santos teve o efeito de promover uma transubstanciação: de excelente jogador, ele se transformou de repente num gênio do futebol. Agora, a bola que seu pé de anjo toca vira ouro. Quer dizer, vira gol.
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A cultura brasileira do puxa-saquismo e do tapinha nas costas não está mais sendo capaz de tapar o sol com a peneira.
Não há quem não perceba que Telê Santana já não rima com São Paulo Futebol Clube. Os recentes acontecimentos mostram que Telê faz mal para o time e o time faz mal para Telê.
O poder de inércia da imprensa esportiva, para a qual o nome Telê parece vir grudado com o qualificativo "mestre", é uma coisa impressionante.
Não estou discutindo se Muricy Ramalho é melhor técnico que Telê (pode até vir a ser, por que não? Melhor jogador ele foi). O fato é que os jogadores se sentem muito mais à vontade e mais dispostos com Muricy do que com Telê.
Vejamos: o São Paulo de Muricy venceu cinco partidas em dez jogos e só perdeu a sexta porque enfrentou um time chamado Palmeiras e um goleiro chamado Velloso. Telê não conseguia isso havia anos, e com elenco melhor (quem não se lembra de que o São Paulo tinha Juninho, Palhinha, Caio, Bentinho, Alemão, Cerezo, Sierra e o escambau?).
Caros colegas, um pedido: sejam menos conservadores.

Hoje, excepcionalmente, deixamos de publicar a coluna de Matinas Suzuki Jr.

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