São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 1996
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Saiba como se comportar na entrevista

ENRIQUE JURADO
DO "EL PAÍS"

Não se trata de ir à entrevista vestindo um terno da última moda ou parecendo uma mulher fatal. Mas para que negar que a aparência inicial condiciona o critério de boa ou má imagem de quem é escolhido para um emprego?
Nos poucos 15 minutos que costuma durar uma entrevista de seleção, o entrevistador só capta impactos (mesmo um bom entrevistador não tem capacidade para mais do que isso), e por isso é essencial não prejudicar a boa impressão que se quer transmitir.
Pontualidade, gravata ou saia não muito curta e currículo bem elaborado são requisitos mínimos para quem quer facilitar a procura por um emprego. Cuidar desses pontos faz parte da necessária preparação para a entrevista.
Outros elementos são igualmente importantes, como por exemplo a carta de apresentação que acompanha o currículo, que deve mencionar os aspectos essenciais de cada experiência profissional.
"A carta que acompanha o currículo deve ser dirigida pessoalmente ao responsável pela contratação, senão não despertará interesse", diz Marta Fernández-Iriondo, da Curriculum Express.
Especialistas recomendam que o candidato faça uma lista das empresas nas quais tiver interessado em trabalhar e consulte listas de associações profissionais para obter os nomes dos responsáveis pelos departamentos de recursos humanos ou seleção de pessoal.
"Uma vez obtido o nome do responsável, o candidato deve ligar e demonstrar interesse pelos possíveis programas de treinamento para recém-formados ou por vagas em aberto", ensina Marta. O objetivo imediato é conseguir marcar uma entrevista de emprego.
A carta de apresentação precisa ser redigida em tom profissional, ou seja, o entrevistador deve perceber que a pessoa que o está contatando conhece a linguagem do setor ou da profissão.
Isso não significa que o candidato deva expressar-se utilizando uma linguagem rebuscada, que poderia provocar risos ou rechaço. Deve apenas dar mostras de alguma afinidade profissional.
Em segundo lugar, a carta deve ressaltar o que está expresso no currículo, mas de maneira resumida. Também é importante assinalar os aspectos mais relevantes do currículo, aqueles que estão relacionados ao cargo solicitado.
Não basta dizer "estou capacitado a...": qualquer aptidão assinalada deve ser consequência da experiência ou do potencial comprovados do candidato.
No caso dos recém-formados, normalmente não há experiência comprovada porque eles ainda não trabalharam em nenhuma empresa.
Nesse caso, o que esses candidatos devem salientar são suas aptidões potenciais. O currículo deve trazer pequenos fatos aparentemente pouco relevantes, mas que demonstram uma certa motivação ou capacidade de iniciativa.
Por exemplo, o estudante que no decorrer do curso organizou festas de fim de ano, trabalhou como voluntário de alguma organização não-governamental ou passou as férias fazendo cursos de inglês.
A carta de apresentação não deve passar de meia página. "O resumo que você for capaz de fazer dirá muito sobre sua aptidão", diz Marta, da Curriculum Express.
Motivação, responsabilidade, integração em equipes e capacidade de iniciativa. Todos esses são valores levados em conta na hora de contratar um recém-formado.
Não basta dizer "acredito que sou responsável": é preciso acrescentar, por exemplo, "porque passei 30 dias em um acampamento de férias cuidando de crianças de oito a dez anos de idade".
O candidato deve sempre justificar o motivo pelo qual se considera apto a realizar determinada atividade. É dos fatos comprovados que se deduz uma capacidade pessoal e profissional.
"Todo intercâmbio, informação, promoção ou oferta implica a prova inescapável da entrevista pessoal. Isso vale tanto para recém-ingressados no mercado de trabalho quanto para executivos."
A afirmação é de Felipe Uria, autor de "El éxito en la búsqueda de un nuevo empleo" (O Êxito na Busca por um Novo Emprego).
Segundo ele, as entrevistas de seleção podem seguir três esquemas: o estilo direcionado, o semidirecionado e o não-direcionado.
As diferenças se baseiam no estilo mais ou menos direcionado do entrevistador (desde perguntas diretas e precisas a algo como um bate-papo entre dois profissionais).
O mais frequente é o semidirecionado, uma conversa. "Neste tipo de encontro, é melhor que seja você quem determine o fio condutor da conversa, para direcioná-la ao campo que mais o interessa, sem deixar de responder às perguntas que lhe forem feitas."

Tradução de Clara Allain.

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