São Paulo, terça-feira, 20 de fevereiro de 1996
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Betinho critica realização do desfile

DA SUCURSAL DO RIO

O sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, homenageado ontem pela Império Serrano, criticou os governos estadual e municipal por não terem suspendido o Carnaval e decretado estado de calamidade pública.
"Muda-se tudo nesse país, por que não mudar a data do Carnaval? Deveríamos nos preocupar primeiro em resolver o problema das pessoas que estão sem casa e em desespero para depois dançar."
Mesmo de luto pelas vítimas da chuva, Betinho, 60, não deixou de desfilar. "Se o povo vai estar lá, eu também vou."
O sociólogo acredita que o desfile do Império pode servir para chamar a atenção de todo o país para o sofrimento da população do Rio. Betinho também criticou o Carnaval das escolas. "Há uma grande atração pelo passado colonial do Brasil. Parece que se não tiver rei e rainha, não é Carnaval", disse, referindo-se aos enredos apresentados na Sapucaí.
Ao mesmo tempo, o sociólogo exaltou a capacidade de organização dos que trabalham nas escolas.
"Se a cidade fosse entregue a esse pessoal, em 24 horas o Rio teria todos os seus problemas resolvidos. Eles são criativos, disciplinados e responsáveis", disse.
Esta é a segunda vez que Betinho desfila em uma escola de samba. A primeira foi na comissão de frente da Mocidade, no ano em que a escola homenageou Elis Regina. "Foi uma experiência divertida, mas a escola acabou perdendo pontos. Havia diversas pessoas que tinham sido amigas da Elis. Bebemos tanto, que a comissão de frente não conseguia se alinhar."
Liberado pelos médicos, Betinho não precisou passar por nenhuma preparação especial para a maratona da avenida.

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