São Paulo, terça-feira, 20 de fevereiro de 1996
Próximo Texto | Índice

CC-5, BC e PF

Diz-se que a agilidade dos mercados financeiros é imbatível. As inovações são tantas e tão frequentes que dificilmente a regulamentação consegue ser páreo para a criatividade dos operadores.
No caso das contas conhecidas como CC-5, entretanto, não se trata de fazer teoria sobre a dinâmica financeira contemporânea ou de filosofar sobre o sigilo bancário.
A proximidade com o crime, em especial com o narcotráfico e o comércio clandestino de armas, é suficiente em si mesma para colocar em estado de alerta as autoridades brasileiras. Reportagem da Folha revela que para a Polícia Federal as contas bancárias do tipo CC-5 se transformaram num "subsistema financeiro paralelo".
Desde 1993 já são 52 inquéritos, envolvendo 21 bancos e desmascarando um sem-número de empresas de fachada. Da lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas ao contrabando, passando pela corrupção, pela sonegação de impostos ou pelo "caixa dois" e operações ilegais de exportação e importação, essas contas passaram a abrigar formas cada vez mais sofisticadas de ilícitos.
O combate às finanças suspeitas mobiliza atualmente esforços de autoridades no mundo inteiro. Segundo o próprio FMI, a magnitude dessas operações é tal que mesmo a exatidão das estatísticas de balanços de pagamentos de muitos países são hoje discutíveis.
A repressão ao crime de colarinho branco e às brechas para a lavagem de dinheiro são tarefas tão inglórias e praticamente intermináveis quanto a regulamentação do sistema financeiro. Quando esta última falha, os riscos já são enormes. Mas quando se lida com o crime organizado, trata-se de uma terrível corrida contra o tempo.

Próximo Texto: Privilegium
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.