São Paulo, quarta-feira, 21 de fevereiro de 1996
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Enredo da Beija-Flor rejeita luxo

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

"Depois do sexo, a gente não pergunta ao parceiro se foi bom. Durante o desfile eu gozei três vezes. Não vou perguntar aos jurados se eles gozaram", afirmou. Segundo ele, os componentes da escola estavam tão felizes que tiveram "ejaculação precoce".
Cunha procurou marcar sua apresentação como oposta à da Imperatriz. "Meu desfile não é o museu do Louvre (maior museu da França). O Louvre passou antes", disse, referindo-se à apresentação da bicampeã. "Me recuso a ter uma mãe branca", afirmou, ao comentar o enredo da adversária, que homenageava a imperatriz Leopoldina, mulher de d. Pedro 1º.
O carnavalesco levou ao Sambódromo uma comissão de frente formada por figurantes fantasiados de macacos -o enredo, afinal, tratava da evolução do homem.
Colocou no alto de carros alegóricos homens que usavam, como adereços, pênis estilizados de 1,5 m, referência a pinturas rupestres (na rocha) encontradas no Piauí.
Em outra provocação ao estilo da Imperatriz, o carnavalesco fez uma apologia à desorganização. Disse ficar chocado com os presidentes de escola que pedem disciplina e sacrifício aos componentes.
Cunha não esboçou qualquer preocupação quando um jornalista observou que a escola apresentara falhas na evolução, já que alguns claros foram abertos entre as alas. "Entendo pouco de evolução, meu negócio é dar nas cadeiras", afirmou, referindo-se ao seu rebolado.
Ao ser perguntado sobre seu estilo, disse ser "maluca, sexy, punk e cibernética". Durante o desfile, sambou na frente da escola, posou ao lado de uma componente, dirigiu-se várias vezes ao público. "Estou morta", disse -ele costuma utilizar os adjetivos no feminino ao falar de si.
Apesar do comportamento pouco discreto -em 95 desfilou ao lado da homenageada, a cantora lírica Bidu Sayão-, ele disse ter acabado a era do "carnavalesco estrela", maior responsável por uma escola: "A escola é de 3.500 pessoas, não só do carnavalesco".
Psicólogo, carnavalesco há três anos, Cunha disse que seu desafio é provar a possibilidade de ser um "intelectual feliz".
Segundo o carnavalesco, os intelectuais de hoje vivem apenas em escritórios com ar condicionado.

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