São Paulo, sexta-feira, 23 de fevereiro de 1996
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Senado recebe acordo do Banespa em março

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O acordo do Banespa, que permitirá ao governo de São Paulo renegociar com a ajuda dos cofres federais metade de sua dívida junto ao banco, vai chegar ao Senado no início de março e gerar uma briga política por sua aprovação.
Segundo a análise jurídica do Ministério da Fazenda e do Banco Central, o acordo não poderá ser proposto ao Senado na forma de MP (medida provisória, que entra em vigor imediatamente), como chegou a ser cogitado pelo secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros.
Isso significa que o homem-chave no Senado para a aprovação do acordo do Banespa será o senador Gilberto Miranda (PMDB-AM), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos.
Críticas
Miranda, que já criticou publicamente o acordo, terá o poder de designar o relator do projeto que permitirá ao Estado de São Paulo receber o socorro federal na renegociação de sua dívida.
O governo paulista precisará do aval do Senado para ampliar seu endividamento e receber do Tesouro Nacional títulos no valor correspondente à metade da dívida, algo entre R$ 7,5 bilhões e R$ 8 bilhões.
Para esse aval, a legislação determina que o Estado encaminhe uma proposta ao BC.
O BC analisa a proposta e faz um parecer que é enviado aos senadores.
Segundo a Folha apurou, a proposta do governador Mário Covas (PSDB) já está no BC.
A área técnica aguarda para a próxima semana o retorno da diretoria do BC que permitirá a aprovação do parecer.
Gilberto Miranda confirma esperar para o início de março o recebimento do parecer do BC, mas ainda faz mistério sobre quem será o relator do acordo. "Há mais de dez senadores querendo o cargo".
Negociações
O PSDB paulista, com aval da área econômica do governo, deseja ver o senador Pedro Piva nomeado relator.
Avalia-se que políticos de outros Estados poderiam exigir o atendimento de demandas regionais para não dificultar a tramitação do projeto.
Miranda já deu seu recado ao governo. Disse considerar o assunto "polêmico" e defendeu "um exame prolongado" do acordo.
Outros senadores, como Wilson Kleinubing (PFL-SC) e Pedro Simon (PMDB-RS), se manifestaram publicamente contra o que chamam de favorecimento ao governo de São Paulo.
O governador gaúcho, o peemedebista Antônio Britto, pediu o mesmo tratamento para as dívidas de seu Estado.
É tudo que os governos federal e paulista não querem. Enquanto o acordo não é aprovado, a dívida paulista continua a subir a juros de mercado. Quanto mais demorar, maior será o custo para o contribuinte.
Como a outra metade da dívida paulista com o Banespa será paga com bens do Estado, a demora pode até inviabilizar o acordo -uma vez que o valor das empresas e imóveis envolvidos não sobe tão rápido como os juros do mercado financeiro.
Em São Paulo
Em São Paulo, o acordo foi aprovado na sexta-feira passada por 67 votos a 15 pela Assembléia Legislativa.
Um dos pontos mais polêmicos foi a aprovação da venda da Fepasa, estatal paulista do setor ferroviário, cujas ações privatizadas serão usadas para pagar parte da dívida do Estado com o Banespa.
O total da dívida é de R$ 15 bilhões.

Colaborou a Redação

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