São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 1996
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Especialistas criticam o fechamento das casas

ELVIS CESAR BONASSA
DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Miguel Reale Jr. acha "duvidosa" a estratégia policial de combate à prostituição para diminuir os índices globais de criminalidade. Segundo Reale Jr., o sucesso policial em Nova York se deve muito mais à criação das polícias comunitárias e de bairro.
"Os crimes que mais preocupam a sociedade são os violentos, como roubo, latrocínio, sequestro, e crimes contra a administração. Eu não vejo muita relação com a prostituição", diz o jurista.
Ele observa ainda que esses locais podem até ter alguns pontos de venda de drogas, mas o "grande traficante" não está ali. "Essas casas existem há décadas. A tradicional La Licorne viveu o auge na década de 60 e nem por isso a criminalidade era maior."
O advogado Walter Ceneviva, colunista da Folha, acha difícil avaliar previamente a eficácia dessa estratégia policial. "É um remédio que só depois de aplicado mostrará ou não sua eficiência", afirma.
Apesar disso, Ceneviva critica a ação policial indiscriminada contra as casas noturnas. "A metodologia tem que estar dentro da lei. Manter uma casa noturna não configura nenhum crime", diz.
Ceneviva considera abuso policial entrar na boate, prender as proprietárias e conduzir todas as garotas para a delegacia.
O criminalista Alberto Zacharias Toron, presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, não entra no mérito da eficácia dos novos planos da polícia. Mas critica as ações já realizadas.
"Eu não diria que foi um abuso, porque há respaldo da lei. Mas foi um excesso de rigor, uma ação moralista. Abuso foi algemar a dona da boate", afirma Toron. Ele diz que manter uma boate não é crime, ainda que haja strip-tease e vídeos eróticos.
(ECB)

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