São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 1996
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Canto de sereia

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Na última quarta-feira a sereia cantou no balneário do Estoril e o país se lembrou que a F-1 existe.
Rubens Barrichello obteve uma excelente marca. Ultrapassou a barreira de 1min20s e segurou o título de melhor tempo do ano por um dia.
Bastou. Apesar desta coluna ter alertado para o fato há duas semanas, o bombardeio começou. Vai andar ou só foi um susto?
Vai andar mais que no ano passado. Não há dúvida quanto a isso. O problema, na verdade, são os outros times.
A Jordan saiu na frente. Foi a primeira a colocar seu modelo 96 na pista, cada piloto percorreu quase 500 quilômetros e conseguiu testar um monte de componentes.
Em uma frase, fez a lição de casa. E chega preparada para a primeira prova. Algo semelhante parece ter feito a McLaren.
Na realidade, essa é a única chance do time irlandês. Sem contar com a estrutura técnica e financeira das grandes, precisa correr por fora.
E, por essa via paralela, tentar obter bons resultados nas primeiras corridas do ano. Se o GP da Austrália fosse amanhã, por exemplo, o time de Barrichello teria chances inéditas.
Mas o desenvolvimento de um carro de competição é longo e complicado. E quanto mais dinheiro e tecnologia se tem nas mãos, menos complicado fica.
O ano passado serve de referência. No começo da temporada, Williams e Benetton estavam um grau acima das demais. No última corrida de 95, as duas já estavam a anos-luz do resto.
A razão: testes, testes e mais testes entre cada corrida. Enquanto os motores Peugeot fumaram nos GPs, os Renault também quebraram. Só que em testes.
E, após meio campeonato disputado, se uma equipe já está sem chances, mais vale gastar com o carro do próximo ano.
Em resumo, Barrichello e seu 196 precisam aproveitar a chance, se até lá ela existir, de estar com um carro mais acertado.
Até o calendário conspira para isso. Enquanto a temporada européia não começar, todos terão que gastar tempo voando entre Melbourne, São Paulo e Buenos Aires.
Bons resultados significam mais atenção da mídia, mais dinheiro dos patrocinadores e mais empenho dos fornecedores.
Ou seja, é a receita. Barrichello e a Jordan precisam cumpri-la para que o desempenho de agora não se torne um mero encanto traiçoeiro, como já aconteceu no ano passado.
Notas
A Jordan surpreendeu a ponto de surgirem especulações. No Estoril, tinga gente falando que o carro estava fora dos padrões. Impossível.
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A Williams está escondendo o leite. Pode fazer isso. E a Ferrari está perto do desespero. Schumacher deverá continuar os testes na próxima semana e atrasar sua ida para a Austrália.
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O bicampeão foi convidado para disputar uma das etapas do Internacional de Turismo neste ano. Ele correria pela Alfa Romeo, que também é do Grupo Fiat, em Hockenheim. A aparição serviria para promover a nova competição.
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Os promotores do campeonato, que herda o sucesso da DTM, querem outras estrelas também: Alain Prost correndo pela Mercedes na França e Nigel Mansell, pela Opel na Inglaterra.
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E se a Indy fez o seu "Spring Training", a IRL criou, às pressas, o "Test in the West". Na próxima semana, em Phoenix.
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Mauricio Gugelmin está na Internet. Sua home page tem o seguinte endereço no World Wide Web: www.sul.com.br/kmg/mauricio.html.

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