São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Palmeiras tem meio-campo remendado

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

E o Palmeiras, famoso pela abundância de craques em seu elenco, chega diante da Lusa, nesta tarde, para disputar a liderança isolada do campeonato, com uma dupla de volantes remendada, já que não pode contar nem com os titulares -Flávio Conceição e Amaral-, nem com os reservas -Galeano e Marquinhos.
A propósito, vale uma informação e algumas reflexões sobre esse setor, hoje em dia, vital para qualquer equipe. A informação: quando Marquinhos estiver em ponto de bala, é praticamente certo que a dupla titular, aquela que comanda a cabeça-de-área da seleção, seja desfeita.
Isso porque o técnico Luxemburgo, ao contrário de Zagallo, quer restabelecer por ali sutis, mas significativas, diferenças entre os dois jogadores incumbidos da tarefa de proteção à linha de defesa e de apoio ao sistema de armação, a exemplo do que ocorria no mesmo Palmeiras dos tempos de César Sampaio e Mazinho. Um -César Sampaio-, atuando quase como um terceiro zagueiro (e, nisso, a visão de Luxemburgo coincide com a de Zagallo); o outro -Mazinho-, coordenando as jogadas de trás, com passes mais medidos e refinados. Transposta para o futuro breve, Amaral seria o novo César, e Marquinhos, o Mazinho.
Não sei se Marquinhos tem bola para tanto. Tinha, pelo menos nos tempos em que se revelou no Flamengo e até chegou à seleção de Parreira. No auge, entrou num funil que o levou ao fundo do poço, de onde tenta agora se reerguer.
Se conseguir, Luxemburgo estará prestando um grande serviço ao futebol brasileiro, que, nestes tempos de império da força bruta, se ressente de um toque de classe e de inteligência exatamente ali onde ele quer pôr o dedo.

Se o estilo é o homem, o goleiro boliviano, Adorno, deve ser do tipo que come a casca e joga a banana fora. Sorte de Caio, que tirou a barriga da miséria, com quatro gols, na noite de sexta.
Noite que começou tensa, quando os bolivianos resolveram apertar um pouquinho nossa defesa, o suficiente para ressaltar com traços sombrios a fragilidade de nossa dupla de zagueiros de área, mais uma vez, agora já com Alexandre Lopes no lugar de Narciso.
Mas, se a Bolívia tinha um goleirinho, nós tínhamos Dida, um goleiraço. O que parece não ter essa seleção de Zagallo é regularidade. Jogamos mal contra o Peru, melhoramos um pouco, no segundo tempo, contra o Paraguai, e, na sexta, levamos o jogo com poucos momentos de lucidez e nenhum brilho.

Texto Anterior: Portuguesa critica recuo palmeirense
Próximo Texto: ENQUETE
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.