São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 1996
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Vertigem financeira

O tom pessimista de Rubens Ricupero em seu artigo deste sábado não parece deslocado da realidade, infelizmente. E não se trata do Brasil, mas do mundo.
O embaixador aponta as perspectivas de crescimento baixo nos três pólos principais da economia mundial, o Japão, já sabidamente estagnado, a Alemanha, onde o desemprego é cada vez mais preocupante, e os EUA, para os quais os indicadores são desanimadores.
O desempenho insatisfatório da economia mundial não é um fenômeno dos últimos meses. Tampouco é novidade que, junto com algumas vantagens, a desregulamentação de mercados e a vertiginosa velocidade dos fluxos financeiros agravam os imensos riscos de instabilidade nos mercados mundiais.
São, porém, preocupações cada vez mais presentes. Desde o fracasso do acordo de Bretton Woods, em 1971, vários economistas de prestígio internacional alertam para os perigos da instabilidade cambial.
Novos são fatos como a declaração do diretor do FMI, Michel Camdessus, ressaltando que "em três ocasiões ao menos durante os dez últimos anos a economia se viu sacudida pelo peso do superendividamento, pela flutuação aberrante das taxas de câmbio e pelas ondas especulativas". A crise do México foi a quarta e mais recente dessas ocasiões, cujas imprevisíveis consequências foram abortadas graças ao socorro recorde dos EUA e do FMI.
Ricupero pede mecanismos supranacionais de controle dos fluxos financeiros. De fato, a instabilidade nessa área já supera o poder isolado de muitos Estados nacionais.

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