São Paulo, terça-feira, 27 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Negociação passa por mim, diz Bresser

DA REPORTAGEM LOCAL E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"O Luiz Carlos Santos (PMDB-SP) é o interlocutor natural do governo, e eu sou o interlocutor do Luiz Carlos Santos", disse à Folha o ministro da Administração, Luiz Carlos Bresser Pereira. O ministro voltou domingo de viagem particular à Alemanha.
"Qualquer negociação em torno da reforma administrativa passará por mim, necessariamente", afirmou. "Passará também por Luiz Carlos Santos e, obviamente, pelo relator."
O relator da reforma administrativa é o deputado Moreira Franco (PMDB-RJ).
Bresser disse que terá "o maior prazer" em negociar com o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, a quem considera "homem público da melhor qualidade".
Para Bresser Pereira, Vicentinho "é prisioneiro" de sindicatos de servidores públicos pouco representativos de suas categorias.
"A CUT, uma entidade altamente representativa dos trabalhadores do setor privado de todo o Brasil, está atada a sindicatos de baixa representatividade."
O ministro acha que, por ser Santos o líder do governo na Câmara, a ele caberia o papel de canalizar as negociações da reforma administrativa.
"Com tantos líderes no Congresso, penso que a intenção do Moreira Franco foi evitar confusão. Os outros líderes continuarão a ter papel importante."
Foi Moreira Franco quem pediu ao presidente Fernando Henrique Cardoso a designação de um "interlocutor único" do governo.
O objetivo do relator era evitar o excesso de pessoas falando em nome de FHC, o que, em sua opinião, tumultuou a negociação da reforma da Previdência.
Bresser considera "uma grande tolice" a idéia de que Moreira Franco pediu a FHC para indicar um interlocutor por discordar do fim da estabilidade do servidor.
"Tenho conversado com Moreira Franco, e suas posições são fundamentalmente semelhantes às minhas", disse o ministro. "Mas vamos ver o relatório que ele fará."
Moreira Franco vai convocar uma reunião com os líderes governistas para avaliar a redação da última proposta de Bresser sobre o fim da estabilidade. "É preciso que os líderes digam se a redação obedece ao acordo fechado com o ministro", disse o relator.
No ano passado, para permitir a aprovação da emenda na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Bresser se dispôs a mudar o texto, priorizando a demissão de servidores não-estáveis quando houver excesso de quadros.

Texto Anterior: Negociação passa por mim, afirma Bresser
Próximo Texto: Procurador pede que STF cobre multa de PC; Garimpeiros liberam estrada em Serra Pelada; Incêndio atinge prédio anexo da Câmara
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.