São Paulo, quinta-feira, 29 de fevereiro de 1996
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Fujimori diz que o fechamento do Congresso fortaleceu democracia

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Peru, Alberto Fujimori, disse ontem que o fechamento do Congresso de seu país fortaleceu a democracia peruana e fez com que o Legislativo ganhasse mais eficiência.
Fujimori fez essas declarações no final da tarde de ontem, em São Paulo, ao ser indagado sobre as resistências que enfrentou no Congresso brasileiro -os presidentes do Senado e da Câmara, José Sarney (PMDB-AP) e Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), não quiseram recebê-lo.
É a segunda resposta indireta que Fujimori dá a autoridades brasileiras durante sua visita. Anteontem, ele disse que fechara o Judiciário peruano para combater a corrupção. O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Sepúlveda Pertence, também se recusara a recebê-lo.
"Cada país tem sua forma de reagir", disse Fujimori. "No Peru, não havia outra forma a não ser fechar o Congresso, e isso tornou o Congresso mais eficiente".
Segundo o presidente peruano, o Congresso de seu país tinha 240 parlamentares antes do fechamento, em 1992, durante seu primeiro mandato como presidente. Foi reaberto com apenas 120 parlamentares. O Congresso no Peru é unicameral (só tem Câmara).
"Agora, o Congresso está muito melhor. Não há tanto discurso", disse Fujimori. "Nossa filosofia é fazer mais do que falar."
O presidente peruano disse que entende as resistências que enfrentou dos parlamentares brasileiros: "Mas as medidas que adotamos no Peru deram bons resultados e até fortaleceram a democracia. No caso do Judiciário, a corrupção foi erradicada", disse.
Em seu último dia no Brasil, Fujimori visitou o governador paulista Mário Covas (PSDB) e o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPB). Almoçou com empresários e se reuniu com representantes da comunidade nipônica local.
No almoço com empresários, Fujimori defendeu a criação de um fórum internacional para combater a corrupção. Segundo ele, as leis anticorrupção, principalmente na América Latina, "são muito frágeis". "Tem que prender (o corrupto), amarrar pelos pés, cortar a cabeça e enterrar", disse ele, em tom de brincadeira.

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