São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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Empreiteiros definem regras para doações

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Entidades que representam a maioria dos empreiteiros do país definiram ontem uma "receita" de candidato ideal para receber doações nas campanhas às eleições municipais deste ano.
A política de financiamento foi discutida em uma reunião na sede da Apeop (Associação Paulista dos Empresários de Obras Públicas), região central de São Paulo.
O que querem os empreiteiros de um candidato? Essa era a pergunta-chave. Chegaram a uma resposta: não basta prometer obras, precisa dizer de onde vai tirar os recursos para as construções.
Tradicionais financiadoras de campanhas eleitorais, as empreiteiras enfrentam um momento de desconfiança e crise com o setor público. Pretendem estabelecer uma relação que garanta resultados nas futuras administrações.
Além da falta de pagamento de velhas dívidas, o mercado vive hoje a escassez de construções. As grandes obras estão praticamente restritas à administração de Paulo Maluf (PPB) em São Paulo.
"O melhor candidato será aquele comprometido com uma reforma administrativa muito rigorosa", disse o presidente da Apeop, Paulo Roberto Godoy.
Só dessa forma, segundo o consenso dos empreiteiros, sobrará recursos para investimentos em obras. "Hoje as receitas oficiais estão comprometidas com o custeio da máquina administrativa."
Outro ponto importante das exigências dos construtores será o comprometimento dos candidatos com um projeto de concessões e parcerias com suas empresas.
Essa política possibilitaria, mais do que a construção de novas obras, a retomada das boas relações entre os políticos e as construtoras."Fala-se muito em concessão, mas na prática mesmo os resultados ainda são muito tímidos", disse Godoy.
No encontro de ontem em São Paulo, estavam representadas todos os segmentos do mercado -pequenas, médias e as grandes empresas do setor.
Sentaram à mesa, empreiteiros conhecidos pelas suas forças de lobby junto ao setor público, como José Alberto Ribeiro, presidente da Associação Nacional de Empresas de Obras Rodoviárias, e Mário Pinto, da Associação de Construtoras de Centrais Elétricas.
Participaram também Luiz Fernando Reis (Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada), Nilton Cavalieri (Sindicato da Construção Pesada de São Paulo) e Emir Cadar (Construção Pesada de Minas Gerais).
Além da Apeop, outra entidade regional, a Aerj (Associação dos Empreiteiros do Rio de Janeiro) também esteve no comando do encontro de ontem.
Os empreiteiros decidiram também ontem pedir uma audiência ao ministro da Administração, Bresser Pereira, para discutir os rumos da reforma administrativa do governo federal.

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