São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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Tipo de HIV afeta mais heterossexuais

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O crescimento explosivo da Aids entre heterossexuais na Tailândia parece ser causado por uma variante do vírus HIV que não é encontrada no Ocidente, segundo estudo publicado hoje na revista norte-americana "Science".
Pesquisadores da Universidade Harvard, em Cambridge (Massachusetts, EUA), afirmam que a linhagem tailandesa conhecida como HIV do subtipo E parece crescer mais nas células que revestem os canais reprodutivos.
Segundo os cientistas, testes de laboratório mostram que o subtipo E do HIV se reproduz melhor em células da vagina chamadas células de Langerhans e na parte externa do pênis em graus jamais vistos nas demais variantes do vírus.
Os pesquisadores sugerem que isso pode explicar por que relações heterossexuais são responsáveis pela maior parte dos contágios pelo HIV na Tailândia.
"O vírus poderia causar uma epidemia de Aids muito mais séria entre heterossexuais do que a já vista", afirmou Max Essex, autor do estudo na "Science".
Até agora, os cientistas já identificaram nove subtipos do HIV, rotulados de A a H e O. Nos países ocidentais, a linhagem predominante é o subtipo B.
Para o estudo, pesquisadores recolheram amostras de HIV de 14 homossexuais infectados em Boston e 18 homens e mulheres infectados na Tailândia em relações heterossexuais. Só encontraram o subtipo B nas amostras de Boston e só o subtipo E nas tailandesas.
"A diferença nos subtipos certamente não é o único determinante das taxas de transmissão na África e na Ásia", disse Essex. "Há outros fatores, como a presença de outras doenças sexualmente transmissíveis e as práticas sexuais."
Segundo ele, o estudo deve ter implicações na busca por uma vacina contra o HIV, pois a maioria dos testes até agora foram realizados com o subtipo B.
"Se quisermos induzir, por meio de uma vacina, uma imunidade que seja efetiva em todo o mundo, tanto para heterossexuais como para homossexuais, então seria talvez melhor nos concentrarmos nos subtipos E ou C, que interagem tão bem com as células de Langerhans", disse o cientista.
Essex afirmou que seu estudo é o primeiro a explorar em termos mais biológicos que culturais as razões pelas quais o HIV não se disseminou nas populações heterossexuais dos países ocidentais na proporção que se antecipava no início da epidemia de Aids.
Ele disse que o subtipo B chegou à Tailândia nos primeiros anos da epidemia de Aids, mas foi ultrapassado depois pelo subtipo E.

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