São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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Projeto vai revelar a geração século 21

DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto "Antarctica Artes com a Folha", lançado ontem, vai fazer um mapeamento inédito da produção brasileira na área de artes visuais. O objetivo é descobrir novos talentos e revelar linguagens inovadoras.
Até o dia 30 de junho, um grupo de cinco curadores estará viajando por todo o Brasil. As viagens começaram no início de fevereiro. O curadores são responsáveis por identificar e selecionar entre 50 e 60 artistas, brasileiros ou naturalizados, de até 32 anos (leia o regulamento abaixo).
Os selecionados comporão uma mostra coletiva, entre 29 de setembro e 17 de novembro, em São Paulo. Três serão premiados com uma viagem para conhecer a Documenta de Kassel e visitar a Bienal de Veneza, em 97, dois dos mais importantes eventos mundiais de arte.
"Esse evento pode mudar os rumos da arte contemporânea no Brasil, ao mostrar o que os jovens estão fazendo, os caminhos de renovação artística que estão sendo seguidos", diz a consultora de artes Isabella Prata, da comissão organizadora do evento.
O projeto foi criado pela Folha. A Cia. Antarctica Paulista é a patrocinadora, com investimento de R$ 1 milhão. Segundo Ricardo Peralta, gerente nacional de promoções da Antarctica, "o objetivo da empresa é estar presente em todas as áreas da cultura".
A Bienal de São Paulo dará apoio institucional, incluindo a mostra "Antarctica Artes com a Folha" em sua programação oficial de 96.
O projeto foi anunciado ontem em entrevista coletiva no prédio da Fundação Bienal, com a presença de Edemar Cid Ferreira, presidente da Bienal, Matinas Suzuki Jr., editor-executivo da Folha, Nizan Guanaes, da agência de publicidade DM9, além de Ricardo Peralta.
Como parte da programação da Bienal, a mostra será visitada também por artistas, críticos e curadores estrangeiros. Além disso, a presença de dois estrangeiros no próprio juri do evento -Dan Cameron e Lisa Phillips- abre vias internacionais para a nova produção brasileira.
"A presença de dois jurados internacionais é estratégica para a divulgação da arte brasileira no exterior", diz Matinas Suzuki Jr..
"Com uma grande estrutura de organização e patrocínio, esse projeto vai permitir um mapa completo do país", afirma o professor Lorenzo Mammi, da USP, um dos curadores do evento.
"O momento atual é de muita transformação e o projeto tem o mérito de buscar o que é novo", diz o crítico Paulo Herkenhoff, jurado da mostra. "É um raio X com a ótica da qualidade."
Em busca da linguagem inovadora, o projeto inclui "novas mídias", junto a outras 11 modalidades: pintura, escultura, gravura, desenho, performance, videoarte, vídeo-instalações, fotografia, instalação, multimídia e design.
A diversidade de linguagens e a abrangência nacional dão um caráter inédito ao projeto. "O que acontece normalmente é um jogo de cartas marcadas. Esse projeto, ao contrário, assume o risco de mostrar novos artistas e pode dar a cara do ano 2000", diz a curadora Lisette Lagnado.
Lisette já teve oportunidade de experimentar o leque de diversificação oferecido pelo projeto. Esteve no Ceará. Encontrou, por exemplo, trabalhos artísticos com sucata de praia e também projetos de vídeo e cinema.
Na busca da qualidade, os curadores-viajantes têm total autonomia. "Escolhemos cinco jovens curadores para garantir a multiplicidade de olhares", diz Matinas Suzuki Jr..
"A abertura e o apoio são totais por parte da organização", diz o curador Tadeu Jungle. "Nossa atividade é um pouco detetivesca, um trabalho de muita transpiração."

Informações podem ser obtidas pela Caixa Postal 2403, CEP 01060-970 - São Paulo - SP

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