São Paulo, sexta-feira, 1 de março de 1996
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Brasil ganha tradução de dicionário de Tulard

Diretores brasileiros e 520 verbetes foram incluídos

FERNANDA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

Livro: Dicionário de Cinema - Os Diretores
Autor: Jean Tulard
Tradução: Moacyr Gomes Jr.
Atualização: Goida
Preço: R$ 59

A editora L&PM acaba de lançar a edição brasileira do "Dicionário de Cinema - Os Diretores", do francês Jean Tulard, que dá aulas de cinema na Sorbonne. O livro lista mais de 2.000 cineastas de 1895 até hoje e foi atualizado e complementado pelo crítico brasileiro Hiron Goidanich, 61, conhecido como Goida.
Foi dele a tarefa de incluir nesta edição diretores brasileiros como Carlos Reichenbach, Sílvio de Abreu, Lauro Escorel, Leon Hirzman, entre vários outros.
Ao todo, Goida incluiu cerca de 520 verbetes novos no dicionário de Tulard. Muitos de brasileiros, mas também de diretores americanos conhecidos, como Nora Ephron, a responsável pelo bem-sucedido "Sintonia de Amor".
"Foi um trabalho insano. Pensei que ia ser fácil, mas acabei trabalhando de dezembro de 1994 até fevereiro deste ano no dicionário", disse Goida. Atualizadíssimo, o dicionário que chega agora às livrarias inclui até a morte de Gene Kelly, ocorrida no último dia 2 de fevereiro.
A última atualização da edição francesa do dicionário de Tulard é de 1992. Nela não aparecem filmes como "A Lista de Schindler" ou "O Parque dos Dinossauros", de Steven Spielberg.
Goida completou não apenas as filmografias, mas também os textos referentes a cada verbete. "Tive esse cuidado de completar informações nos verbetes também, como o fato de Spielberg ter ganhado o Oscar, finalmente, com 'Schindler"', disse Goida.
O primeiro trabalho do atualizador brasileiro foi cortar do dicionário tudo o que considerou sem interesse. "Tirei quase 500 verbetes. Nomes de cineastas de quem nunca passou nem nunca vai passar um filme no Brasil. Gente que fez um filme só, a maioria franceses, e que não tem valor na história do cinema", disse Goida.
Entre as falhas que mais o chocaram foi a não-inclusão de, por exemplo, o diretor irlandês Jim Sheridan, que havia feito em 1989 "Meu Pé Esquerdo", filme que deu o Oscar de melhor ator a Daniel Day-Lewis.
Também na bibliografia citada nos verbetes, Goida tirou livros franceses difíceis de encontrar no Brasil e incluiu mais de 300 livros editados aqui ou em Portugal sobre os diretores citados.
"Era importante fazer uma edição personalizada para o Brasil", disse Goida. Ele estabeleceu como critério para a inclusão de diretores no livro o fato de terem feito pelo menos um longa de projeção.
Goida é membro da comissão organizadora do Festival de Gramado e trabalhou como crítico de cinema no jornal "Zero Hora".

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