São Paulo, domingo, 3 de março de 1996
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Cronologia da crise

4 de novembro - O governo edita na madrugada do dia 4 (sábado), uma MP (medida provisória) que permite o uso de dinheiro público no estímulo às fusões e incorporações bancárias.

13 de novembro - Aumentam os boatos no mercado financeiro a respeito da saúde financeira do Nacional. Começa um processo de saques contra o banco, que se intensificará nos dias seguintes. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) suspende os negócios com as ações do banco na Bolsa de Valores de São Paulo.

17 de novembro - O BC edita uma nova MP, anunciada na noite do dia 17 (sexta-feira). A nova medida amplia os poderes do BC para intervir em instituições financeiras.

18 de novembro - O Banco Central assume a administração do Banco Nacional para viabilizar a absorção da instituição pelo Unibanco. O anúncio é feito em um sábado, para evitar que os saques contra o Nacional tornem a situação do banco ainda mais grave. O total de créditos "podres" do Nacional é estimado então em R$ 4 bilhões. Pelo esquema armado, o Unibanco fica com a parte saudável do Nacional: agências, clientes, operações e empresas rentáveis do grupo Nacional. O BC fica com a parte "podre" -empréstimos feitos pelo Nacional que dificilmente serão pagos. O BC cria uma linha de crédito de R$ 4 bilhões para o Nacional pagar suas dívidas com o BB, CEF e bancos privados -recursos que foram usados para financiar o banco, que já tinha dificuldade para conseguir empréstimos no sistema privado. Como garantia para essa linha de crédito, o BC aceitou os créditos "podres" do Nacional pelo valor integral: R$ 5 bilhões. As agências do Nacional passam a ser administradas pelo Raet (Regime de Administração Especial Temporária), figura que pela primeira vez é usada pelo BC em uma instituição financeira privada, como alternativa para a intervenção do BC e a liquidação extrajudicial.

20 de novembro - O Banco Central decreta a indisponibilidade dos bens de 18 pessoas que participaram da administração do Nacional nos 12 meses anteriores à passagem do banco para o Raet. O primeiro nome da lista é Ana Lúcia Catão de Magalhães Pinto, mulher de Paulo Henrique Cardoso, filho do presidente Fernando Henrique.

22 de novembro - O Unibanco anuncia que não precisou recorrer ao Proer (Programa de Apoio à Reestruturação e Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) para incorporar o Nacional. O Proer foi criado pelo governo federal para estimular o processo de fusões e incorporações entre instituições financeiras. Apesar de não ter usado nada do Proer, o Unibanco se candidatou para conseguir uma linha de crédito do programa.

29 de novembro - O presidente do BC, Gustavo Loyola, depõe no Senado para explicar o acordo fechado para a solução do caso Nacional. No depoimento, Loyola informa que o rombo patrimonial do Nacional -dado pela diferença entre o valor de todos os bens do banco e o total de empréstimos que não foram pagos- pode ser igual ao do Econômico, superando as previsões iniciais dos técnicos do BC de algo em torno de R$ 1,5 bilhão.

Fevereiro - O BC encontra mais de R$ 3 bilhões de empréstimos irregulares e fraudulentos. Pelos novos cálculos do BC, o rombo patrimonial é de R$ 4 bilhões. Desse total apenas R$ 1 bilhão pode ser explicado por má administração. A descoberta das irregularidades prorroga os prazos para o final das investigações da comissão de inquérito do BC. Comprovadas as irregularidades, os responsáveis pelos empréstimos serão denunciados ao Ministério Público com base na Lei do Colarinho Branco, que trata dos crimes contra o sistema financeiro. O Senado volta a convocar o presidente do BC, Gustavo Loyola, para depor sobre as irregularidades envolvendo o Nacional e ainda o Econômico, Banespa e Banerj.

28 de fevereiro - O chefe do Defis (Departamento de Fiscalização do BC), Adilson Rodrigues Ferreira, confirma que o Banco Central foi comunicado em outubro de 95 que o Nacional tinha o balanço maquiado. Cresce pressão por CPI do sistema financeiro e Bolsas despencam.

29 de fevereiro - Governo consegue atenuar, no Congresso e no mercado financeiro, os efeitos imediatos da crise: a formação de CPI e a queda das Bolsas

1º de março - Pedro Malan confirma que FHC fora avisado do rombo, e ordenado o prosseguimento das investigações, em outubro passado

2 de março - A Folha revela que o BC vai acionar os Magalhães Pinto judicialmente

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