São Paulo, domingo, 3 de março de 1996
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Indy começa ano em crise de identidade

MAURO TAGLIAFERRI
ENVIADO ESPECIAL A HOMESTEAD (EUA)

Pela primeira vez desde que realizou seu primeiro campeonato, em 1909, a Indy abre hoje, em Homestead (EUA), uma temporada sem as 500 Milhas de Indianápolis.
Mais do que excluir a prova mais famosa do mundo, a categoria demonstra se encontrar em plena mudança de identidade.
O nome Indy vem de Indianápolis, e o campeonato da Indy foi montado justamente para incrementar a disputa entre os carros que competiam, no início do século, no famoso circuito oval.
Com isso, a família proprietária do Indianapolis Motor Speedway controlava a série. Até que, em 79, os donos de equipes da categoria deram um "golpe de Estado".
Criaram, então, uma associação (a Cart) para dirigir o campeonato, o qual prosperou.
Em 95, Tony George, dono do Speedway, anunciou a organização de uma competição paralela à da Cart, a IRL. Determinou ainda que 25 das 33 vagas do grid das 500 Milhas deste ano serão reservadas aos carros que participarem da liga.
A Cart topou a briga: decidiu realizar uma prova no mesmo dia da corrida em Indianápolis e tirou as 500 Milhas de seu calendário.
Além de renegar a própria origem, a Indy agora se vê perante um dilema existencial shakespeariano: ser ou não ser uma categoria internacional? As respostas da direção da categoria revelam um conflito de personalidade.
Para os patrocinadores, alardeia-se que a audiência das corridas aumenta mundialmente. Há ainda um expansionismo físico, com a realização de provas na Austrália, Brasil e Canadá.
Para a FIA e o público interno, a frase já é, estrategicamente, outra: "Somos e sempre seremos uma série norte-americana", diz Andrew Craig, presidente da IndyCar.
O problema é que a expansão da Indy já aborrece os dirigentes da FIA, pela concorrência, em mercados como o Brasil, com a F-1.
Quer dizer, ou a Cart opta pela internacionalização, conquistando verba e força, mas enfrentando a fúria da FIA, ou retorna aos confins do meio-oeste dos EUA.
Lá, encontrará Tony George de braços abertos, esperando.

LEIA MAIS sobre a temporada 96 de automobilismo no caderno especial Grid 96, que circula nesta edição

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