São Paulo, domingo, 3 de março de 1996
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Futebol em cores

JUCA KFOURI

O dia da seleção brasileira é hoje. Não que seja impossível derrotar a Argentina na quarta-feira. Mas é quase.
Afinal, o time jogará num gramado bem melhor que o de Tandil e num campo de bom tamanho. E certamente terá o apoio da torcida argentina, que gosta menos dos uruguaios que dos brasileiros.
De mais a mais, a vitória brasileira praticamente classifica a seleção anfitriã, que, no jogo de fundo, pega a ainda frágil Venezuela.
O dia é hoje também porque está na hora de o Brasil mostrar um futebol mais colorido, em vez do jogo opaco e só para o gasto mostrado até agora.
A vitória sem problemas diante dos venezuelanos, outra vez, não convenceu. Com um futebol confuso e desperdiçando gol atrás de gol, o Brasil está perto de Atlanta, mas, seguramente, longe do ouro.
Está claro que Zagallo não pode mais se dar ao luxo de deixar um finalizador como Luizão de fora. Porque, se contra adversários fracos dá para perder gols aqui e ali e assim mesmo golear, contra os mais fortes perdê-los será fatal.
É justo que se diga que o Brasil ganhou da Venezuela com mais facilidade que a Argentina na primeira fase -3 a 0 só depois que o adversário ficou com nove jogadores, faltando meia hora para o fim do jogo. E que, exceção feita ao Uruguai, a Argentina também só enfrentou galinhas mortas. Mas, assim mesmo, deixar a decisão no enfrentamento com os donos da casa será um risco que não se pode correr.
*
E aí eu pergunto a corintianos e palmeirenses: que jogo escolher para ver hoje na TV, o clássico de Presidente Prudente ou o de Mar del Plata?
ESPN/Brasil ou Globo e Bandeirantes? E se o corintiano tivesse que escolher entre uma vitória de seu time ou de sua seleção? E o palmeirense?
Sou capaz de jurar que a paixão clubística prevaleceria, por mais que, no meu caso, a opção certamente seria a verde-amarela, e não a preto-e-branco. Menos mal para as duas grandes nações paulistas que dá para esperar as duas vitórias.
*
O Botafogo está sobrando no futebol carioca. Mas seu grande teste será mesmo o Corinthians na Libertadores. Porque está jogando muito menos que o time que foi campeão brasileiro. Só Túlio continua o mesmo, fazendo gols como se fosse a coisa mais simples do mundo. E para ele é. Ou alguém tem dúvidas?

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